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      Após tentativa de enfraquecer agências anticorrupção, Zelensky enfrenta escândalo na compra de drones superfaturados

      Escândalo envolve compras com até 30% de superfaturamento e leva governo a recuar em ataque a agências

      Volodymyr Zelensky (Foto: Reuters/Nina Liashonok)
      Paulo Emilio avatar
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      247 - Uma denúncia conjunta das agências ucranianas Nabu (Agência Nacional Anticorrupção) e Sapo (Promotoria Anticorrupção) revelou neste sábado (2) um novo episódio de corrupção envolvendo compras militares. Segundo a Deutsche Welle, o esquema de superfaturamento de drones e sistemas de bloqueio de sinal para uso nas Forças Armadas resultou na prisão de quatro pessoas, incluindo um deputado, dois servidores públicos e diversos integrantes da Guarda Nacional.

      A divulgação acontece logo após a vitória da sociedade civil contra um projeto de lei que buscava retirar a autonomia investigativa das duas instituições. Após protestos nacionais — os maiores desde a invasão russa em 2022 —, o governo foi obrigado a restituir a independência das agências, que estavam sob ameaça de controle direto da Procuradoria-Geral. A mobilização popular foi considerada um marco de resistência democrática em meio à guerra.

      No pronunciamento divulgado nas redes sociais, as agências ucranianas Nabu e Sapo detalharam o funcionamento da fraude e afirmaram que “a essência do esquema era concluir contratos estatais com fornecedores a preços deliberadamente inflados”, informando que os preços poderiam estar até 30% acima do valor real.

      Ainda segundo a DW, o principal nome envolvido é o do parlamentar Oleksii Kuznetsov, do mesmo partido do presidenteVolodymyr Zelensky. Em resposta imediata à revelação, a legenda suspendeu Kuznetsov de suas atividades até o fim das investigações. A pressão fez Zelensky vir a público. Em mensagem divulgada em seu canal no Telegram, ele afirmou: “Só pode haver tolerância zero à corrupção, claro trabalho em equipe para expor a corrupção e, como consequência, uma sentença justa”.

      O episódio marca mais um momento delicado na política interna ucraniana. Recentemente, Zelenski havia tentado colocar as duas agências sob controle do procurador-geral, com o argumento de proteger o país de interferências externas — em especial da Rússia. A tentativa, no entanto, foi mal recebida pela União Europeia, que advertiu que a medida poderia comprometer as negociações para a entrada da Ucrânia no bloco.

      A pressão internacional e os protestos populares forçaram o presidente a recuar. O gesto foi bem recebido pelos parceiros europeus, que há meses acompanham com preocupação os sucessivos escândalos de corrupção envolvendo a administração ucraniana.

      A compra irregular de equipamentos militares não é uma novidade na Ucrânia. Nos últimos anos, as agências anticorrupção atuaram em diversas investigações sobre desvios milionários em ministérios e contratos estatais. Um dos casos mais emblemáticos foi o que levou, em 2023, à prisão do então presidente da Suprema Corte, Vsevolod Kniaziev, por envolvimento no recebimento de propinas de US$ 3 milhões.

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