"Trump trata como inimigo qualquer país que queira regular as big techs", diz Sérgio Amadeu
Sociólogo aponta que ofensiva do presidente dos Estados Unidos contra o Brasil visa proteger interesses das grandes empresas de tecnologia
247 – Em entrevista concedida ao jornalista Mário Vitor Santos no programa Forças do Brasil, da TV 247, o sociólogo e pesquisador da Universidade Federal do ABC (UFABC), Sérgio Amadeu, fez duras críticas à ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. O programa foi ao ar neste sábado, 19 de julho de 2025, com o tema “Trump e Big Techs contra o Brasil” e está disponível no canal da TV 247 no YouTube (assista aqui).
Segundo Sérgio Amadeu, Donald Trump tem atuado abertamente em defesa dos interesses das Big Techs e se coloca contra qualquer tentativa de regulação. Para ele, o objetivo do presidente dos Estados Unidos é proteger os lucros de gigantes como Google, Meta, X (antigo Twitter) e outras, ao mesmo tempo em que cria dificuldades para a soberania brasileira.
“As Big Techs não são empresas comuns dentro do esquema de poder norte-americano. Elas são estratégicas. Trump deixou isso claro desde a sua posse: qualquer país que tente regular ou taxar essas empresas será tratado como inimigo”, afirmou Amadeu.
O sociólogo destacou que Trump ameaçou o Brasil com tarifas de 50% sobre todos os produtos nacionais e chegou a abrir uma investigação comercial, alegando perseguição do Supremo Tribunal Federal às plataformas digitais e a Jair Bolsonaro.
O Pix como símbolo da resistência brasileira
Sérgio Amadeu apontou ainda que o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, o Pix, virou alvo do presidente norte-americano por contrariar interesses financeiros de bancos e das próprias plataformas digitais.
“O Pix prejudicou diretamente os lucros de bandeiras de cartão de crédito, do WhatsApp Pay e dos sistemas financeiros dominados por conglomerados dos Estados Unidos. Isso é visto como um ataque às big techs. Trump quer nos forçar a aceitar uma situação de submissão, onde empresas norte-americanas atuam livremente no Brasil sem pagar impostos nem seguir regras locais.”
Para Amadeu, o Pix representa um avanço da soberania nacional, ao democratizar o acesso a pagamentos sem intermediação de bancos tradicionais.
A falsa liberdade defendida pelos Estados Unidos
Durante a entrevista, o sociólogo expôs a hipocrisia do discurso trumpista sobre liberdade de expressão:
“Trump fala em liberdade para defender impunidade. Quando as plataformas são obrigadas a retirar conteúdos criminosos, como fake news ou incitação ao golpe, eles dizem que é censura. Mas nos Estados Unidos, eles fazem o mesmo ou até pior, tomando dados sem ordem judicial e invadindo a privacidade dos usuários.”
Ele frisou que a ideia de liberdade propagada por Trump e pela extrema-direita não tem relação com direitos democráticos, mas sim com a dominação pelo poder econômico.
Um chamado pela soberania nacional
Amadeu aproveitou a entrevista para alertar sobre a necessidade do Brasil desenvolver infraestrutura própria e romper a dependência tecnológica do país:
“O Brasil é o único dos BRICS que não construiu nenhuma infraestrutura de tecnologia da informação independente. Usamos nuvem da Amazon, da Microsoft, da Oracle. Os nossos dados estão expostos. Não podemos confiar em empresas estrangeiras para proteger interesses nacionais.”
O professor fez um apelo direto ao governo brasileiro:
“O governo precisa parar de priorizar o WhatsApp para comunicação pública. Precisamos de aplicativos próprios, controle de dados, data centers nacionais, soberania tecnológica de verdade.”
Ele também defendeu medidas concretas, como retirar privilégios de agentes norte-americanos em solo brasileiro, como o porte de armas, e acabar com a subserviência histórica das Forças Armadas brasileiras aos interesses dos EUA.
A importância do Brasil reafirmar sua independência
Sérgio Amadeu concluiu que a atual ofensiva de Donald Trump pode servir para o Brasil fortalecer sua soberania em diversas áreas, incluindo economia, tecnologia, cultura e defesa.
“Nós temos que transformar essa provocação em oportunidade. Trump mostrou ao Brasil que o imperialismo é real, e que temos capacidade de resistir, como mostramos com o Pix. A soberania não é discurso, é prática.”
A íntegra da entrevista está disponível no canal da TV 247 no YouTube: Trump e Big Techs contra o Brasil - Forças do Brasil - TV 247. Assista:
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