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Química entre Lula e Trump não surpreende, diz Paulo Nogueira Batista Jr

Economista avalia discurso do presidente na ONU, relação Brasil-Estados Unidos e vê caminho aberto para a reeleição em 2026

Química entre Lula e Trump não surpreende, diz Paulo Nogueira Batista Jr (Foto: ABR | Brasil247)

247 – Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o economista Paulo Nogueira Batista Júnior analisou a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU e comentou a recente aproximação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, a química entre os dois líderes não foi uma surpresa, mas exige cautela diante do estilo imprevisível do republicano.

O discurso de Lula na ONU e o papel internacional do Brasil

Para Paulo Nogueira Batista Jr., o discurso de abertura feito por Lula na ONU foi o ponto alto da viagem.

 “Ele fez um discurso ao mesmo tempo ponderado e incisivo, que é uma combinação difícil de alcançar. Foi equilibrado, mas enfrentou os grandes temas e não mediu palavras em áreas delicadas”, afirmou.

O economista destacou ainda que o Brasil voltou a ocupar um espaço central no cenário internacional:

 “De certa maneira, o delírio que eu profetizei em 2022 se confirmou. O Brasil hoje ocupa de novo um país central no mundo, graças ao tamanho do país e ao presidente Lula”.

Aproximação com Trump: cautela necessária

Questionado sobre o encontro de Lula com Donald Trump, Paulo foi direto:

 “Não foi totalmente surpresa porque o Lula tem essa característica de ser muito informal. O Trump também é. Essa informalidade recíproca favoreceu um pequeno encontro favorável”.

No entanto, alertou para os riscos:

 “O sujeito que vai se encontrar com Trump tem que tomar muito cuidado porque pode ser objeto de situações ridículas. Ele é perigoso”.

Relação Brasil-Estados Unidos e abandono de Bolsonaro

Paulo Nogueira Batista Jr. avaliou que os ataques de Trump ao Brasil foram um erro de cálculo.

 “A percepção dos Estados Unidos era de que muito melhor ter um Bolsonaro aqui do que um Lula. Mas já viram que não vai ser tão fácil. A reação brasileira foi forte, e temos hoje uma coligação ampla em defesa da soberania, como não víamos há muito tempo”.

Ele considera possível que Washington deixe de lado a família Bolsonaro:

 “Não faz sentido essa disputa. Os Estados Unidos podem silenciosamente abandonar esse ataque ao Brasil, como fizeram com outros países”.

O cenário para 2026 e a fragilidade da direita brasileira

Sobre a sucessão presidencial, Paulo afirmou que os últimos meses abriram caminho para a reeleição de Lula:

 “Creio que os dois últimos meses abriram caminho para a reeleição, não apenas pelos méritos do Lula, mas também porque a oposição de direita se atrapalhou toda. Está dividida, cada vez mais dividida”.

Ele ironizou os nomes da direita:

 “O Zema é uma figura caricata. O Tarcísio não deve enfrentar Lula em 2026 e vai preferir se reeleger em São Paulo. A direita vai ficar sem candidato porque Bolsonaro está preso. A Michele talvez se veja como uma Evita, mas pode acabar se mostrando uma Isabelita”.

Críticas à política monetária e ao Banco Central

Paulo criticou a gestão econômica do Banco Central sob Gabriel Galípolo:

 “É como se a gestão Roberto Campos continuasse em vigor. Não houve nenhuma mudança apreciável. Essa política de juros altos é quase irracional. Está sendo decepcionante”.

Ele alertou que juros elevados podem até comprometer a reeleição de Lula:

 “Nada pior para um candidato à reeleição do que a percepção de que a política econômica está enterrando a atividade econômica e o emprego”.

Haddad, Congresso e mobilização popular

O economista também comentou o desempenho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad:

 “Ele tem estofo, mas tentou fazer muito o papel de bom moço vis-à-vis do mercado. O Congresso deu facadas nas costas do governo, e só quando o Executivo partiu para o confronto, denunciando o Congresso inimigo do povo, é que começou a dar certo”.

Para ele, a mobilização popular é essencial:

 “O governo não pode depender só de articulação de gabinete. Tem que mobilizar a população. Foi o que vimos contra a PEC da blindagem. O povo na rua fez diferença”.

Lula fortalecido e a perspectiva do futuro

Paulo Nogueira Batista Jr. concluiu a entrevista com otimismo em relação ao futuro político do presidente:

“Eu fiquei muito favoravelmente impressionado com a maneira como o governo reagiu aos desafios. O Lula se fortaleceu. Temos que dar graças a Deus que o Lula existe. Sem ele, estaríamos no famoso mato sem cachorro”.

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