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"Não pode haver risco de guerra na América do Sul", diz Celso Amorim

Amorim alerta para risco de conflito e reforça papel diplomático do Brasil

"Não pode haver risco de guerra na América do Sul", diz Celso Amorim (Foto: ABR)

247 -  Em entrevista concedida ao programa Boa Noite 247, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim abordou o momento da diplomacia brasileira, a relação com os Estados Unidos e a posição do Brasil diante das tensões hemisféricas e globais.Amorim ressaltou que a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Ásia faz parte de uma estratégia de diversificação das parcerias internacionais, essencial para fortalecer o país frente a eventuais choques comerciais ou geopolíticos. Ele destacou que essa escolha não é “um capricho”, mas “um elemento essencial” para que o Brasil enfrente o impacto de tarifas e pressões externas. Segundo o ex-chanceler, “quando nós estávamos discutindo a ALCA, o comércio dos Estados Unidos representava 22% ou 23% do total do nosso comércio, e hoje é 12,5%”.O diplomata também observou a relevância de um possível encontro entre o presidente Lula e o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além do papel negociador que o Brasil pode assumir em temas regionais. “Nós não queremos confusão aqui na América do Sul. Temos dez vizinhos e não temos uma guerra há 150 anos”, afirmou.Durante a entrevista, Amorim explicou a diferença entre multipolaridade e multilateralismo, ressaltando que “o multilateralismo é o respeito ao direito e às organizações internacionais”, enquanto “a multipolaridade é o fato real de que o poder está distribuído de maneira mais ou menos equilibrada no mundo”.O ex-chanceler também comentou sobre a relação com a China e a necessidade de o Brasil agregar valor aos investimentos estrangeiros: “A fábrica chinesa de automóveis entrou onde antes estava a Ford. Não temos nenhuma hostilidade, pelo contrário, acho que é possível uma cooperação produtiva”. Para ele, a prioridade do país deve ser “definir o que precisamos usar para o nosso desenvolvimento e, depois, negociar”.Ao tratar da América Latina, Amorim reiterou o papel do Brasil como mediador e guardião da paz regional. “Nós somos totalmente contrários ao uso da força, à ameaça do uso da força e aos golpes de Estado”, declarou, reforçando que “essa é uma preocupação permanente do governo brasileiro”.A entrevista ao Boa Noite 247 traça o panorama de um Brasil que busca reafirmar sua autonomia diplomática, investindo na diversificação de parcerias, no fortalecimento dos organismos multilaterais e na defesa da paz regional como pilares de sua política externa. Assista:

 

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