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“Falta um Xandão na Venezuela”, diz Breno Altman

Ameaças dos Estados Unidos à Venezuela acendem sinal de alerta sobre conflitos na região

“Falta um Xandão na Venezuela”, diz Breno Altman (Foto: REUTERS/Gaby Oraa | Divulgação)

247 - Durante participação no programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman fez um alerta incisivo sobre o crescente risco de instabilidade na América do Sul, com foco nas ameaças dos Estados Unidos à soberania da Venezuela. Segundo ele, o governo do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a pressão sobre Caracas, o que pode culminar em uma operação militar direta ou em um conflito de grandes proporções no continente.

As declarações foram feitas em entrevista ao Bom Dia 247. O conteúdo da conversa também abordou outros temas internacionais, como o conflito em Gaza, mas foi na análise da conjuntura sul-americana que Altman disparou uma das frases mais emblemáticas da transmissão: “Falta um Xandão na Venezuela”, ao criticar a ausência de respostas firmes do governo de Nicolás Maduro contra figuras da oposição golpista.

Ameaça real à Venezuela e à América do Sul

Altman classificou a Venezuela como "o destacamento avançado da luta anti-imperialista na América do Sul", destacando a importância estratégica do país para os interesses geopolíticos da região. Segundo ele, a Casa Branca enxerga a derrubada do chavismo como essencial para reverter a perda de influência dos Estados Unidos no subcontinente.

“A derrota da Revolução Bolivariana é estratégica para os Estados Unidos tentarem recuperar hegemonia na América do Sul”, afirmou o jornalista.

Ele também apontou que, mesmo sem uma intervenção iminente, o risco de agressão militar americana permanece no horizonte. Altman revelou que viajará a Caracas nos próximos dias para acompanhar de perto a situação, mas acredita que, a curto prazo, os EUA devem manter a pressão por vias diplomáticas, econômicas e midiáticas.

Mudança na estratégia da Casa Branca

Durante a análise, Breno Altman sugeriu que o governo Trump tem redesenhado sua política externa para a América Latina, saindo de uma lógica binária (amigos vs. inimigos) e adotando uma estratégia de “três blocos”: aliados, adversários e governos que podem ser neutralizados. Nesse cenário, o Brasil do presidente Lula teria deixado a condição de “inimigo” e passado a ser visto como um país passível de neutralização.

“O Brasil entrou numa categoria analítica de governos que não são amigos, mas também não devem ser tratados como inimigos, como é a Venezuela”, avaliou Altman.

Ele acrescentou que o atual secretário de Estado, Marco Rubio, ainda defende uma política agressiva e sem distinções, mas que esse campo vem perdendo força dentro da administração Trump para setores mais pragmáticos.

Militarização e defesa popular

Altman destacou que a Venezuela tem se preparado para um eventual ataque, estruturando milícias bolivarianas e armando a população de forma organizada. Estima-se que cerca de 8 milhões de cidadãos estejam inscritos nessas unidades populares, sendo 4 milhões com capacidade real de combate. O jornalista explicou que, em caso de invasão, o país provavelmente adotará uma estratégia de guerra de guerrilhas, apoiada em logística leve, e não em grandes sistemas militares tradicionais.

“O governo venezuelano armou o povo organizadamente, com unidades de combate e treinamento. Se houver uma invasão, será uma guerra de todo o povo”, disse.

Ele também observou que a ajuda militar direta da Rússia ou da China seria dificultada pela distância geográfica e pela complexidade logística, embora o apoio em armamentos e treinamento não esteja descartado.

Crítica à ausência de firmeza da esquerda

Na entrevista, Breno Altman criticou a falta de respostas mais contundentes da esquerda latino-americana diante das ameaças à Venezuela. 

“A esquerda precisa sair da defensiva. Esses ataques à Venezuela são ataques à soberania de toda a América Latina”, enfatizou.

Altman ainda ironizou o recente prêmio concedido a María Corina Machado, opositora do governo venezuelano, chamando-o de “prêmio da guerra” e afirmando que ela “já deveria estar presa desde 2002”.

Ausência de reação brasileira

O jornalista concluiu com um apelo ao governo Lula, destacando que a neutralidade ou omissão diante das pressões norte-americanas pode custar caro ao Brasil no médio prazo.

“É um erro gravíssimo o Brasil enfraquecer Maduro. Quando a Venezuela cair, o próximo alvo pode ser o próprio Brasil”, advertiu. Assista:  

 

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