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Após Nobel, Corina diz ver 'horas finais' do governo Maduro

Líder da oposição venezuelana afirma que o prêmio é uma vitória do povo, enquanto críticos apontam seu histórico de defesa de intervenções estrangeiras

Líder da oposição venezuelana, María Corina Machado fala a apoiadores em Caracas, Venezuela 23/01/2024 (Foto: REUTERS/Leonardo Fernández Viloria)

247 – A líder da oposição venezuelana María Corina Machado afirmou ver “as horas finais” do governo de Nicolás Maduro, após receber o Prêmio Nobel da Paz de 2025, concedido em Oslo. A entrevista foi publicada pelo jornal O Globo, com base em material do Grupo de Diários América (GDA), que reúne veículos da América Latina. 

Machado, que vive na clandestinidade desde agosto de 2024, disse que o reconhecimento é “um prêmio para todo o povo venezuelano” e um sinal de que “a comunidade internacional apoia a luta democrática na Venezuela”.

“Ainda estou processando. É muito bonito porque os venezuelanos dizem: ‘todos nós merecemos isso’. Este é um reconhecimento das nossas conquistas, de uma sociedade unida em um momento tremendamente doloroso, mas com enorme esperança”, afirmou María Corina Machado, em uma das primeiras entrevistas após o anúncio do prêmio.

A ex-deputada venezuelana desapareceu da vida pública após as eleições de julho de 2024, quando o Conselho Nacional Eleitoral declarou a vitória de Maduro, enquanto a oposição alegou que Edmundo González havia vencido. Desde então, Corina se manteve escondida, comunicando-se por meio de vídeos e declarações pontuais.

Ao comentar o impacto da premiação, ela afirmou que o Nobel “traz proteção aos venezuelanos” e destacou que o reconhecimento internacional coloca “os holofotes do mundo sobre a Venezuela”.

“Acredito que isso reafirma que a democracia mundial reconhece a importância da luta que ocorre na Venezuela, que vai muito além do país. Os latino-americanos entendem as consequências da crise migratória e do crime organizado que saem daqui”, disse Machado.

Apesar da celebração de seus apoiadores, a concessão do Nobel a María Corina Machado gerou fortes críticas internacionais. Diversos analistas, acadêmicos e políticos latino-americanos afirmaram que o prêmio ignora o histórico de declarações da líder em defesa de sanções externas e intervenções militares na Venezuela. Machado também é acusada por adversários de ter incentivado tentativas de golpe de Estado, especialmente durante o período de confrontos entre oposição e governo entre 2014 e 2019.

Os críticos consideram o prêmio uma decisão “politizada” e “contraditória” com o espírito do Nobel da Paz, tradicionalmente concedido a figuras que promovem o diálogo e a reconciliação.

Durante a entrevista, Machado também revelou ter recebido um telefonema do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no dia da premiação.

 “Foi uma conversa muito agradável, franca e fluida”, disse, sem entrar em detalhes sobre o conteúdo.

O prêmio chega em um momento de pressão crescente sobre o governo venezuelano, com operações militares norte-americanas no Caribe a pretexto de conter o narcotráfico e uma nova rodada de sanções econômicas discutida em Washington.

Machado, por sua vez, mantém o discurso de que a saída de Maduro é inevitável:

 “Ele está atualmente no limiar de sua saída. Agora tem que escolher: se sai por meio de negociações ou sem negociações”, declarou.

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