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“Discussão não é pela anistia. É para ter Bolsonaro na urna”, alerta coordenador do Prerrogativas

Para Bruno Salles, foco agora é manter Bolsonaro elegível para garantir deputados para PL e PSD. Bancada significa dinheiro para o partido, e o Centrão

Bruno Salles e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução (Prerrogativas) / Divulgação)

Por Denise Assis (247) - Bruno Salles é advogado criminalista, mestre em direito pela USP, membro do Conselho do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e coordenador do Grupo Prerrogativas. Arguto em suas análises das questões mais agudas postas para a sociedade, no momento, ele conversou com o “Denise Assis Convida”, deste domingo, apontando a real razão para a introdução da pauta da “anistia” no cenário político: “essa proposta só tem um objetivo, o de tornar Bolsonaro elegível. Colocar o seu nome na urna, de modo a que ele se torne um cabo eleitoral que arraste o maior número possível de deputados para o parlamento”, afirma. Em sua opinião, o interesse é principalmente de Gilberto Kassab, o presidente do PSD, que pretende engordar o fundo eleitoral, agora majorado. “Eles sabem que quanto maior o número de deputados eleitos, maior a verba para os partidos. Deputado é dinheiro, são emendas. Isso nada tem a ver com dosimetria ou anistia”, o que, segundo ele, já seria vergonhoso o bastante.

Salles apontou para o risco da abrangência do projeto apresentado em primeiro momento, assim que se começou a discutir a “anistia”, apresentado pelo deputado major Vitor Hugo, o PL 2858/2022. “Esse projeto foi sendo acrescido de vários outros, que foram sendo anexados, com sugestões, e resultou num conjunto de oito projetos. 

Levado em conta, esse PL prevê a anistia para manifestantes, caminhoneiros e empresários, todos os que tenham participado de manifestações nas rodovias nacionais, em frente a unidades militares ou em qualquer lugar do território nacional do dia 30 de outubro de 2022 “ao dia de entrada em vigar desta Lei. Fica bastante evidente que tais dispositivos não têm qualquer relação com manifestações políticas, mas sim com decisões da Justiça Eleitoral que impuseram sanções por abuso de poder político durante as eleições de 2022. Trata-se de previsão que tem claro objetivo de sustar a decisão que tornou inelegível o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Aí está o ponto”, arremata.

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