Jason Tércio, autor de “Sitiados”: acampamentos nos quartéis é o avesso do congresso de Ibiúna
Trata-se de minucioso relato sobre como cerca de 700 jovens foram cercados e presos pela Polícia, em Ibiúna, no interior de São Paulo
Por Denise Assis, 247 - O jornalista Jason Tércio, autor de vários livros, um deles “Segredo de Estado”, o primeiro que levantou os últimos passos do ex-deputado Rubens Paiva antes da prisão, e as artimanhas da ditadura para forjar o seu sumiço e a sua morte nas dependências do DOI-CODI – aparato repressivo criado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) -, agora nos traz a história de “Sitiados”.
Trata-se de minucioso relato sobre como cerca de 700 jovens foram cercados e presos pela Polícia, em Ibiúna, no interior de São Paulo. Tércio conversou com o “Denise Assis Convida”, que foi ao ar neste próximo domingo, às 12h. Na entrevista, ele conta a história do cerco ao sítio, alugado com a intermediação dos freis dominicanos, o que acabou ocasionando a prisão de Frei Tito. Foi ele quem fez o contato entre os estudantes e o proprietário. Barbaramente torturado, Tito não se recuperou das feridas da alma, vindo a cometer suicídio em um convento em Paris.
De forma leve e coloquial, Jason Tércio revela a memória dos sobreviventes da repressão naquele episódio, e personagens daquela aventura, início de uma verdadeira caçada aos “subversivos”, que começou ali, com os prontuários policiais de Ibiúna.
“A partir dali eles perseguiram e acabaram por dizimar a esquerda, entre 1968 e 1974. Nesse período já estava tudo acabado. Eram jovens corajosos, que queriam liberdade, um país melhor, nada a ver com os acampamentos em frente aos quartéis, organizados pela ultradireita. Esses queriam o oposto, pediam a intervenção militar”, destaca. “Fiz o livro exatamente para mostrar para a juventude de hoje que aqueles jovens ficaram sem saída, contar essa história, até então uma lacuna. Foi um dos episódios mais importantes da nossa história recente”, avalia.