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Bolsonaro planejava fuga e STF agiu corretamente ao impor tornozeleira, afirma Oliveiros Marques

Analista destaca que medida contra Bolsonaro é legítima, alerta para articulação internacional da extrema direita e elogia pronunciamento de Lula

Ex-presidente Jair Bolsonaro chega para colocação de tornozeleira eletrônica em Brasília 18/07/2025 REUTERS/Adriano Machado (Foto: Adriano Machado)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – O sociólogo e analista político Oliveiros Marques afirmou, em entrevista ao canal TV 247, que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de impor o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro foi acertada e necessária diante das evidências de que o ex-mandatário planejava fugir do Brasil. 

Durante a entrevista, Oliveiros classificou como “gravíssima” a decisão do governo dos Estados Unidos de revogar o visto do ministro Alexandre de Moraes e de seus aliados no STF. A medida foi anunciada pelo secretário de Estado Marco Rubio, sob a gestão do presidente Donald Trump. Para o analista, a revogação dos vistos representa uma clara “ingerência no Judiciário brasileiro” e faz parte de uma ofensiva global da extrema direita para proteger Bolsonaro.

 “É algo muito grave, uma ingerência explícita no processo judiciário de uma outra nação”, apontou Oliveiros. “Esse instrumento, os Estados Unidos usam contra ditaduras não aliadas. Aplicá-lo ao Brasil, uma democracia, é escandaloso”, completou.

Conluio internacional e financiamento bolsonarista

O comentarista ressaltou que não há dúvidas sobre a articulação de Bolsonaro para desestabilizar o Brasil, inclusive através do financiamento de ações internacionais contra o próprio país. Oliveiros lembrou que o ex-presidente admitiu ter enviado R$ 2 milhões ao filho Eduardo Bolsonaro para bancar articulações em Washington.

 “O tarifaço anunciado por Trump é fruto direto dessa articulação, tendo como porta-voz o Eduardo Bolsonaro. É um ataque ao setor produtivo e aos empregos brasileiros patrocinado pela própria família Bolsonaro em nome de seus interesses pessoais”, declarou.

Para ele, o governo brasileiro e a sociedade devem manter o foco nesse conluio. “Não podemos perder de vista que a família Bolsonaro articula contra o Brasil. Ao defender nossos interesses contra as big techs ou proteger o Pix, não podemos esquecer quem são os traidores da pátria”, disse.

Lula acertou no tom do pronunciamento

Oliveiros também analisou o recente pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou “brasileiros que jogam contra o Brasil”, sem citar nominalmente Bolsonaro. Para o analista, a escolha do tom e do momento foi estratégica e acertada.

 “O governo Lula passou a fazer política, ocupando o debate público e recuperando protagonismo. O pronunciamento foi correto ao fazer o contraponto patriótico, defender empregos e a soberania nacional, sem cair em provocações”, avaliou.

Ele destacou que Lula agiu com inteligência política ao evitar confrontos pessoais e priorizar a defesa dos interesses nacionais.

Tornozeleira e risco real de fuga

Sobre a imposição da tornozeleira eletrônica e das demais restrições contra Bolsonaro, Oliveiros destacou que a medida partiu da Polícia Federal com base em fortes indícios de tentativa de fuga, corroborados por declarações públicas do ex-presidente.

 “Li a decisão de 47 páginas e há provas suficientes. A resposta de Bolsonaro ao ser perguntado sobre a embaixada da Hungria é emblemática: ele perguntou se o país tem acordo de extradição. Ou seja, ele já estudava como fugir”, frisou.

Segundo o analista, era imprescindível uma resposta dura do Estado brasileiro diante do ataque sistemático à Justiça por parte de Bolsonaro e seus aliados.

 “Era necessário frear a escalada contra a Justiça e o Estado brasileiro. As medidas foram equilibradas, respeitando o devido processo legal”, observou.

O papel dos interesses econômicos e das big techs

Oliveiros também comentou sobre os interesses econômicos por trás do ataque ao Brasil. Em seus artigos recentes, o analista tem explorado o conceito de “tecno-feudalismo”, onde as grandes corporações, sobretudo as big techs, exercem poder sobre os Estados nacionais.

 “Trump representa interesses diversos: das big techs, de setores financeiros e até pessoais, já que empresas dele foram impactadas por decisões judiciais brasileiras”, explicou.

Ele alertou que a ofensiva contra o Brasil também envolve o temor da elite financeira dos EUA sobre o fortalecimento dos BRICS, sobretudo no projeto de desdolarização das trocas comerciais.

Caminho para o governo: institucionalidade e mobilização política

Encerrando a entrevista, Oliveiros sugeriu que o governo Lula siga firme na defesa dos interesses nacionais, mantendo a separação entre o discurso institucional e o embate político.

 “O governo tem que ser firme, mas manter o tom institucional. Já os ministros e parlamentares da base devem disputar a narrativa nas redes, não podemos abrir mão da politização. O bolsonarismo não joga limpo e não tem escrúpulos”, recomendou.

Ele reforçou que a ofensiva da extrema direita global tem repercussões diretas na soberania brasileira e que a resposta deve ser proporcional e articulada.

 “É preciso enfrentar e desmascarar esse cinismo. A disputa é contra o entreguismo e pela soberania do Brasil”, concluiu.

A íntegra da entrevista está disponível no canal da TV 247, no YouTube, sob o título “Oliveiros Marques: Bolsonaro planejava a fuga e o STF acertou ao colocar a tornozeleira”. Assista:

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