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Altman: “O STF vai barrar uma anistia ampla e considerá-la inconstitucional”

Breno Altman liga a pressão por anistia ao cálculo eleitoral da direita e prevê tentativa de fatiar o tema entre réus do 8/1 e Jair Bolsonaro

Altman: “O STF vai barrar uma anistia ampla e considerá-la inconstitucional” (Foto: Divulgação)

247 - Em participação no Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman analisou a ofensiva por anistia a condenados do 8 de janeiro e vinculou o movimento ao redesenho da direita para 2026. Ao comentar o debate no Congresso, ele afirmou que a proposta interessa ao bolsonarismo como moeda para reorganizar o campo conservador em torno de uma candidatura única. Segundo Altman, “o tema da anistia tem a ver com o apoio de Bolsonaro a uma candidatura unitária da direita. É isso é o que importa”.

Altman enfatizou que eventuais avanços de um projeto amplo enfrentariam travas decisivas fora do Legislativo. “O STF não deixará passar o projeto de anistia, não é?”, disse, avaliando que uma redação “ampla, geral e restrita” teria alta probabilidade de ser bloqueada pela Corte. Ele também lembrou que, por se tratar de lei ordinária, um veto do Executivo poderia obrigar o Congresso a reunir maioria qualificada para derrubá-lo.

No mapeamento do tabuleiro, o jornalista descreveu a estratégia de maximização de ganhos por parte do ex-presidente. “Então, o interesse do Bolsonaro é levar esse jogo ao até a noite do dia primeiro de abril”, afirmou, citando o prazo de 2 de abril para que Tarcísio de Freitas se desincompatibilize se quiser disputar a Presidência. Para Altman, a definição de Jair Bolsonaro é peça central na unificação da direita, e o relógio eleitoral condiciona todas as barganhas.

Diante da resistência institucional e das limitações de votos, Altman relatou a tese que interlocutores de centro-direita tentam impor ao bolsonarismo: fatiar a pauta. “Ó, não dá para aprovar a anistia ampla, geral e restrita nesse momento… Então vamos nos dividir em duas etapas. Primeiro vamos resolver os bagrinhos e depois de eleito… aí sim nós podemos cuidar da anistia dos chefões”, resumiu. Na leitura do jornalista, a primeira fase miraria a “raia miúda” condenada pelo 8/1; a segunda, somente após eventual vitória presidencial de Tarcísio, discutiria o destino de Bolsonaro.

Mesmo admitindo que a direita pode montar maioria ocasional na Câmara quando atua de forma unificada, Altman vê a correlação de forças insuficiente para aprovar um texto abrangente que alcance o ex-presidente. “Eu acho que a correlação de forças não é, portanto, suficiente para a aprovação de um de um projeto de anistia integral e há um tempo correndo”, avaliou, projetando cenário mais “complicado” no Senado e um provável confronto final no Supremo caso a pauta avance.

Para Altman, a anistia funciona como instrumento de disciplina interna do campo conservador: garantir compromissos de Bolsonaro em torno de uma chapa única e, ao mesmo tempo, oferecer sinais ao eleitorado de direita. Mas, sem consenso jurídico e com o calendário eleitoral comprimindo decisões, a tendência seria a aposta no fatiamento e na pressão até o limite do prazo legal de desincompatibilização. Assista: 

 

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