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"Vai chegar o fim da escala 6x1", garante Luiz Marinho

Ministro do Trabalho afirma que negociação entre categorias é possível e pediu pressão popular

Luiz Marinho (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

247 - O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), afirmou à Folha de S. Paulo que o governo está determinado a acabar com a escala 6x1 — regime que prevê seis dias consecutivos de trabalho para um de descanso. Segundo ele, as empresas devem começar a se preparar para uma transição gradual rumo à jornada de 40 horas semanais.

Marinho classificou a recente aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil como “uma vitória dos trabalhadores” e disse que esse resultado deve servir de inspiração para outras pautas trabalhistas, como a redução da jornada. “Temos que mandar uma mensagem para os empregadores: vão estudando o assunto, vão se preparando, porque vai chegar o fim da 6x1 e nós precisamos acelerar esse processo”, declarou.

O ministro destacou que o tema ganha cada vez mais adesão no Congresso e entre os movimentos sindicais, embora ainda encontre resistência no empresariado. “Acho que é possível reduzir para 40 horas semanais. Seria benéfico para o mercado de trabalho. Claro, temos que compreender a necessidade econômica de vários setores, que precisam funcionar 24 horas por dia, 365 dias por ano”, afirmou.

Transição e negociação coletiva

Marinho defende que a mudança seja implementada com diálogo e planejamento. Ele sugere um período de adaptação para que as empresas possam reorganizar escalas e horários sem prejuízo à produtividade. “É plenamente possível sair da 6x1 com negociação coletiva, para equacionar esse conjunto de questões sem atropelos”, disse o ministro.

O chefe da pasta acredita que a mobilização popular será decisiva para o avanço do tema, assim como ocorreu com a reforma do Imposto de Renda. “Veja a isenção até R$ 5 mil. Tinha unanimidade? Não. O que levou a isso foi a expressão popular nas ruas”, ressaltou.

Críticas à pejotização e ao STF

Durante a entrevista, Marinho criticou o avanço da pejotização — prática em que empresas substituem vínculos formais de emprego por contratos de pessoa jurídica — e classificou essa tendência como “fraude”. Ele apontou a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender ações sobre o tema na Justiça, como “equivocada e perigosa”.

“O que está em voga neste momento não é que o trabalhador quer ser PJ, e sim que o patrão está demitindo e amanhã esse trabalhador volta como PJ. Isso é fraude. E é isso que está sendo patrocinado pela decisão em discussão. É uma crueldade do capital perante o trabalhador indefeso”, afirmou.

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