Boulos assume com missão de mobilizar base pelo fim da escala 6x1
Novo ministro deve tentar estreitar relação com trabalhadores de aplicativo
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Segundo o g1, o deputado licenciado foi escolhido para ocupar uma função estratégica no Palácio do Planalto, encarregada de fortalecer a articulação do governo junto à sociedade e às bases políticas.
Lula enxerga em Boulos a peça que faltava para uma coordenação política de caráter informal em direção à eleição de 2026. Ao lado de Gleisi Hoffmann, ministra de Relações Institucionais, e de Sidônio Palmeira, titular da Comunicação Social, o novo ministro terá papel central nas agendas de mobilização.
As três tarefas dadas por Lula a Boulos
Fontes próximas ao Planalto afirmam que Boulos recebeu três missões principais do presidente: “colocar o governo na rua”, melhorar a relação com os trabalhadores de aplicativos e impulsionar a pauta pelo fim da escala 6x1. A aposta do governo é de que o ministro, ligado a movimentos sociais e com forte capacidade de mobilização, consiga aproximar o Planalto de setores populares.
No entanto, dirigentes de partidos de centro avaliam que sua imagem de “radical de esquerda” pode criar resistência em segmentos fora da base histórica do PT.
Primeiros passos no ministério
Nos próximos dias, Boulos deve se reunir com servidores e dirigentes que já atuavam na Secretaria-Geral, incluindo Márcio Macêdo, ex-ministro da pasta. Macêdo agora dedicará esforços a lançar candidatura a deputado federal por Sergipe.
A transição servirá para definir quais projetos terão continuidade. A ideia é compor uma equipe plural: aliados de longa data, como militantes da Frente Povo Sem Medo e do MTST, estarão ao lado de representantes de outros grupos, incluindo o MST. O desafio será equilibrar disputas históricas entre movimentos ligados ao PSOL e setores da esquerda próximos ao PT.
A pauta dos trabalhadores de aplicativos
Um dos pontos de maior desgaste do governo Lula foi a tentativa frustrada de regulamentar o trabalho por aplicativos, tema que chegou a ser tratado em conjunto com o então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A proposta inicial foi rejeitada pela categoria, que viu risco de redução de ganhos em vez de avanço em direitos.
Agora, Boulos tenta reconstruir o diálogo com um projeto alternativo. O texto que defende assegura remuneração mínima, seguro obrigatório e transparência nos algoritmos, preservando a flexibilidade do trabalho. A proposta foi elaborada em conjunto com associações de entregadores e já conta com apoio de parlamentares de dez partidos, inclusive da centro-direita.
Para o Planalto, o tema pode se transformar em bandeira eleitoral em 2026, especialmente se for aprovado ainda nesta legislatura.
Mobilização nacional
Outra tarefa dada por Lula é transformar Boulos em uma espécie de “porta-voz itinerante” do governo. Ele percorrerá os estados para defender programas federais e dialogar com a população, atuando como extensão da figura do presidente, que precisa dividir o tempo com agendas internas e compromissos internacionais.
Escala 6x1
O terceiro eixo da atuação do novo ministro é a pauta trabalhista contra a escala 6x1. A proposta, que nasceu da mobilização de trabalhadores e ganhou força nas redes sociais, foi recentemente abraçada pelo presidente.
Uma PEC da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) já tramita na Câmara, mas ainda não reúne apoio suficiente para ser aprovada. A função de Boulos será ampliar o debate público e transformar o tema em bandeira central da campanha de Lula em 2026.


