Queda da Selic ganha força no mercado com apoio do cenário externo e sinais de desaceleração econômica
Expectativa de cortes pelo Fed e recuo da atividade no Brasil reforçam consenso de gestores pela redução dos juros futuros
247 - O mercado financeiro brasileiro intensificou, na última semana, as apostas na queda da Selic e dos juros futuros, sustentado por um cenário externo favorável e sinais de desaceleração da economia doméstica. Segundo o Valor Econômico, a valorização do real, o recuo expressivo nos rendimentos dos Treasuries e dados que apontam para moderação no crescimento reforçaram o otimismo dos investidores, que veem o atual patamar de juros como excessivamente restritivo.
Tanto o comunicado quanto a ata da reunião de julho do Banco Central reconheceram a perda de fôlego da atividade econômica, mesmo com a resiliência do mercado de trabalho. Para Felipe Guerra, sócio e diretor de investimentos da Legacy Capital, a melhora não vem de fatores internos, mas do ambiente global. “O Brasil está totalmente dentro do contexto global e não tem melhorado por coisas que tem feito, mas sim pelo cenário externo. A diferença é que, no Brasil, estamos vendo um pouco mais de clareza nesse gradiente de atividade e inflação para baixo”, afirmou.
Expectativa de cortes na Selic ainda em 2025 - A curva de juros precificou, na semana passada, 72% de chance de redução de 0,25 ponto percentual na Selic até o fim do ano. A taxa do DI para janeiro de 2031 caiu de 13,69% para 13,50%, refletindo o apetite dos investidores por posições aplicadas em juros, sobretudo diante da possibilidade de cortes antecipados pelo Federal Reserve nos Estados Unidos.
O economista-chefe da Vinland Capital, Aurelio Bicalho, aponta que setores sensíveis à taxa básica, como construção civil e bens de capital, já mostram retração. “O mercado de trabalho é defasado, demora para sentir”, disse, destacando que o BC não impôs restrições para retomar os cortes. Para ele, o ciclo pode começar já em dezembro, caso o Fed reduza os juros e o dólar perca força.
Gestores reforçam posições em juros futuros - Marco Aurelio Freire, da Kinea Investimentos, considera o nível atual de juros reais — perto de 10% — “fora de lugar” e com espaço para quedas expressivas. Já Gustavo Pi Okuyama, da Porto Asset, vê na credibilidade do BC e na queda das taxas implícitas uma oportunidade para antecipar o corte.
O consenso entre casas como Legacy, Vinland, Kinea e Porto Asset é de que o ambiente global positivo e a perda de ritmo da economia doméstica devem acelerar o início do ciclo de redução dos juros, com impacto direto na curva futura e nas expectativas para a política monetária em 2025.
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