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      Pix parcelado promete transformar pagamentos e acirrar disputa com cartões de crédito

      Regulamentação do Banco Central prevista para setembro amplia alcance do sistema e gera reações no mercado e no exterior

      (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O Pix, sistema de pagamentos instantâneos que revolucionou a forma como os brasileiros transferem dinheiro, está prestes a dar um passo decisivo: a implementação do parcelamento de transações. A regulamentação pelo Banco Central deve ocorrer em setembro, abrindo caminho para que a funcionalidade concorra diretamente com um dos principais atrativos dos cartões de crédito.

      O movimento promete alterar o equilíbrio no mercado de pagamentos, chamando atenção de empresas e governos internacionais. Em julho, os Estados Unidos incluíram o Pix parcelado em uma investigação sobre práticas comerciais desleais. A medida gerou reação do presidente Lula, que afirmou: "Se o Pix tomar conta do mundo, os cartões de crédito irão desaparecer". Embora a declaração tenha tom exagerado, especialistas consideram que a nova modalidade pode, sim, representar ameaça real às gigantes Visa e Mastercard, como aponta reportagem da revista Veja.

      Padronização e novos parâmetros

      Hoje, o parcelamento via Pix já é oferecido por algumas instituições, como o Banco do Brasil, que movimentou R$ 1,5 bilhão desde dezembro de 2022 nessa modalidade — montante modesto frente aos mais de R$ 5 trilhões anuais transacionados em Pix à vista pela instituição. Sem regras uniformes, alguns bancos utilizam a fatura do cartão de crédito como base para o parcelamento, prática que o Banco Central considera inadequada.

      Com a regulamentação, o Pix parcelado será oficialmente um novo produto financeiro, vinculado à análise de crédito do cliente, com taxas de juros definidas por cada instituição de acordo com o risco do pagador. Não haverá tarifas adicionais nem intermediação das operadoras de cartões, o que deve tornar a ferramenta mais competitiva.

      Segundo Breno Lobo, chefe adjunto do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do BC, "o objetivo não é eliminar nenhum meio de pagamento, mas ampliar as opções disponíveis para a população". A Federação Brasileira de Bancos acredita que a medida impulsionará ainda mais a adesão ao Pix, que já foi utilizado por 168 milhões de brasileiros até junho de 2025.

      Impactos esperados para consumidores e comerciantes

      O Banco Central prevê que as compras feitas por Pix parcelado tenham preços iguais ou inferiores às realizadas com cartão de crédito. Isso porque não haverá tarifas como as cobradas pelas maquininhas, e os comerciantes receberão o valor à vista, o que pode estimular descontos.

      Para Ana Paula Tozzi, diretora-executiva da AGR Consultores, "varejistas pagam caro para aceitar cartões de crédito". Ela avalia que a chegada do Pix parcelado "vai aquecer a concorrência: as operadoras e bandeiras de cartão vão ter que melhorar suas condições".

      A Mastercard afirmou, em nota, confiar na sua capacidade de adaptação: "Assim como o mercado de pagamentos evolui rapidamente, o cartão de crédito acompanha essas mudanças". Já a Visa optou por não comentar.

      Repercussão internacional e preocupações

      Apesar do otimismo, a investigação aberta pelos Estados Unidos traz incertezas. Um ex-diretor do Banco Central, hoje na iniciativa privada, avalia que "os americanos podem concluir que as empresas do país são incapazes de competir com o Pix e que a ferramenta estaria distorcendo o mercado".

      Os bancos brasileiros reforçam que o Pix não é um produto comercial, mas um sistema público acessível a todas as instituições financeiras. Ainda assim, há receio de que pressões externas resultem em sanções ao Brasil.

      O reconhecimento, no entanto, é crescente. O Nobel de Economia Paul Krugman afirmou recentemente que "o Brasil pode ter inventado o futuro do dinheiro" e que outros países podem aprender com o sucesso brasileiro na criação de um sistema digital de pagamentos.

      Com a chegada do parcelamento, o Pix se consolida não apenas como uma inovação nacional, mas como um possível modelo global para o futuro das transações financeiras.

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