Queda acentuada do dólar prova que tarifaço de Trump segue sendo uma marolinha
Expectativas de corte de juros nos Estados Unidos e mudanças no comando do Fed impulsionam queda da moeda e mostram que impacto das tarifas é limitado
247 – Em mais um dia de forte otimismo no mercado financeiro, o dólar comercial recuou para R$ 5,423 nesta quinta-feira (7), atingindo o menor patamar em mais de um mês. Segundo informações da Agência Brasil, com dados da Reuters, a moeda norte-americana teve queda de 0,74% no dia e já acumula desvalorização de 3,18% em agosto. No acumulado de 2025, a queda chega a expressivos 12,25%.
Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), subiu 1,48% e fechou aos 136.528 pontos, o maior nível desde 10 de julho. É o segundo dia consecutivo de alta superior a 1%, o que não acontecia desde abril. O movimento confirma que, apesar da retórica agressiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do chamado "tarifaço", os mercados seguem priorizando fundamentos econômicos e expectativas de política monetária.
Tarifaço com 700 exceções e pouco efeito prático
Recentemente, Trump anunciou tarifas de 50% sobre uma série de produtos brasileiros. No entanto, ao divulgar a medida, o governo norte-americano também apresentou uma lista com mais de 700 exceções, o que reduziu drasticamente o alcance e o impacto prático da medida. A iniciativa foi encarada por analistas como mais um gesto político do que uma real inflexão protecionista.
Essa leitura ganhou força com o desempenho dos ativos brasileiros nos últimos dias, especialmente com a valorização do real e o bom humor da Bolsa. Para os investidores, o chamado "tarifaço" está longe de representar uma ameaça concreta à estabilidade econômica do Brasil ou ao fluxo comercial entre os dois países.
Nomeação no Fed fortalece expectativas de corte de juros
O otimismo nos mercados também foi alimentado por mudanças no comando do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Nesta quinta, Trump anunciou a indicação do economista Stephen Miran para ocupar a vaga deixada pela diretora Adriana Kugler, que renunciou na semana passada. Miran é visto como alinhado às visões econômicas de Trump e defensor de uma política monetária mais expansionista.
Durante a manhã, o dólar chegou a oscilar para cima, em meio a especulações sobre o futuro do atual presidente do Fed, Jerome Powell. No entanto, com a confirmação da indicação de Miran, o mercado reforçou a expectativa de que o Fed possa iniciar um ciclo de corte de juros já em setembro, o que favorece economias emergentes como o Brasil, ao estimular o fluxo de capitais para esses mercados.
Mercado ignora discurso beligerante
O desempenho desta quinta-feira evidencia que o discurso beligerante de Trump na área comercial não tem surtido efeito direto nos fundamentos financeiros. A realidade é que a condução da política monetária — e não a retórica tarifária — continua sendo o fator central para os investidores globais. A queda acentuada do dólar e o avanço consistente da Bolsa brasileira revelam que, na prática, o "tarifaço" não passou de uma marolinha.
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