Ministro do Trabalho cobra ação do Banco Central para impulsionar geração de empregos
Luiz Marinho vê juros como principal entrave e alerta para necessidade de mudança na política monetária
247 - O Brasil registrou em agosto a abertura de 147.358 vagas com carteira assinada, resultado positivo, mas abaixo das expectativas do mercado, que projetava a criação líquida de 182 mil postos. Embora superior ao saldo de julho (134.251), o desempenho foi inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram geradas 239.069 vagas. Segundo a coluna da jornalista Mìriam Leitão, de O Globo, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, classificou o resultado como um “alerta para o Banco Central”, atribuindo a desaceleração sobretudo ao nível elevado da taxa de juros.
Impacto dos juros e tarifas sobre a economia
Marinho reconheceu que a decisão do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar tarifas de importação trouxe efeitos localizados, especialmente para os setores calçadista e moveleiro no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Porém, ele frisou que esse impacto é limitado quando comparado aos juros altos no Brasil.
“A tarifa impacta em alguns setores específicos, especialmente os que trabalham quase ou exclusivamente com o comércio americano. Muitos produtos conseguiram rapidamente encontrar outros compradores, então o efeito é menor. Agora, os juros interferem em toda a economia, não em setores isolados”, afirmou.
“Não sei o que o Banco Central vai fazer, mas espero que eles não permaneçam teimosamente com essas tarifas absurdas praticadas na economia brasileira”, ressaltou.
Visão do Banco Central sobre o mercado de trabalho
Na mesma manhã, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendeu cautela na condução da política de juros. Segundo ele, mesmo em um cenário de política monetária contracionista, o Brasil mantém situação próxima ao pleno emprego.
Galípolo ressaltou que o dinamismo do mercado de trabalho exige manutenção dos juros em patamar elevado por mais tempo. “Ainda há muito esforço a ser feito pelo Banco Central para levar a inflação para a meta”, afirmou.
Setores que mais contrataram
Entre janeiro e agosto, o país acumulou a criação de 1,5 milhão de empregos formais, crescimento de 3,18% no estoque de postos de trabalho, com saldos positivos em todas as grandes atividades econômicas. Nos últimos 12 meses, o saldo líquido chega a 1,43 milhão de vagas.
Em agosto, quatro dos cinco setores da economia apresentaram resultados positivos. Os serviços lideraram, com 81.002 vagas (+0,34%), seguidos pelo comércio (32.612, +0,30%), pela indústria (19.098, +0,21%) e pela construção civil (17.328, +0,57%). Apenas a agropecuária registrou queda no mês.