Lula e Trump abrem caminho para o fim do tarifaço
Reunião entre os presidentes tratou da revisão de sanções e abriu caminho para novas negociações bilaterais sobre comércio e economia
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um encontro que buscou destravar as negociações sobre as tarifas impostas às exportações brasileiras. A reunião, considerada por Lula “franca e construtiva”, abriu espaço para novas rodadas de diálogo entre os dois países.
A conversa abordou desde medidas tarifárias até a aplicação da chamada Lei Magnitsky a autoridades brasileiras. Ambos os líderes reforçaram o compromisso de manter um canal permanente de negociação para resolver os impasses comerciais.
Saldo da Reunião
“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, escreveu Lula nas redes sociais.
Diálogo aberto e clima positivo
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, destacou que o encontro foi “muito positivo” e que as negociações deverão ter desdobramentos nas próximas semanas. “A conclusão final é de que a reunião foi muito positiva, e nós esperamos em pouco tempo agora, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, afirmou.
Vieira relatou ainda que Lula iniciou o diálogo de forma direta, sem restrições temáticas, e renovou o pedido de suspensão das tarifas durante um período de negociação. O chanceler destacou que o presidente brasileiro também mencionou a aplicação da Lei Magnitsky, classificando-a como “injusta” no caso das autoridades brasileiras, uma vez que, segundo ele, “respeitou-se o devido processo legal e não houve perseguição”.
Reconhecimento e cordialidade
Durante o encontro, Donald Trump expressou admiração pela trajetória política de Lula, ressaltando sua experiência e resiliência. Segundo Mauro Vieira, o líder norte-americano destacou o fato de Lula ter sido “duas vezes presidente, perseguido no Brasil, provado sua inocência e vitoriosamente conquistado o terceiro mandato”. O clima do encontro foi descrito como “muito descontraído e alegre”, com breves momentos de abertura à imprensa.
Avanço nas negociações econômicas
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Rosa, também elogiou o tom do diálogo. “O presidente Lula deixou claro que a motivação utilizada pelos Estados Unidos para impor a elevação de tarifas para o restante do mundo não se aplica ao Brasil, por conta do superávit da balança comercial para os Estados Unidos”, observou.
Rosa acrescentou que o Brasil se posicionou como parceiro estratégico e reiterou sua disposição em cooperar com os Estados Unidos em temas de interesse comum. “O Brasil tem um papel muito importante na América do Sul, por isso também nos colocamos à disposição para colaborar com os Estados Unidos nos outros temas que possam ser pertinentes”, completou.
Próximos passos
As negociações devem prosseguir ainda hoje, em Kuala Lumpur, entre os ministros brasileiros e suas contrapartes norte-americanas. Participaram da reunião o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio; o secretário do Tesouro, Scott Bessent; e o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer.


