Legacy projeta possibilidade de corte da Selic ainda em 2025
Gestora reduz projeção do IPCA para 4,6% em 2025 e vê espaço para o BC iniciar flexibilização monetária ao fim do ano que vem
247 - A Legacy Capital reduziu drasticamente suas estimativas para a inflação no Brasil, apontando para um cenário que, segundo a gestora, abre margem para o Banco Central iniciar um ciclo de cortes na taxa básica de juros ainda em 2025. A informação consta na carta mensal da casa de investimentos, conforme noticiado pela imprensa especializada.
A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 caiu de 6,2% para 4,6%. Para 2026, a estimativa passou de 5,6% para 4,2%. A Legacy atribui 75% da revisão de 2025 à valorização do real e à queda nos preços de commodities. Já no horizonte de 2026, o recuo é explicado por uma combinação de menor inércia inflacionária, desaceleração no setor de serviços e continuidade dos efeitos cambiais e das matérias-primas.
A gestora destaca que a inflação atual já se enquadra na banda de tolerância da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, considerando esse resultado “positivo e, em alguma medida, surpreendente”.
Cresce expectativa de corte na Selic
Com os sinais de arrefecimento da atividade econômica — incluindo desempenho mais fraco no varejo, indústria e setor de serviços — e o aumento da inadimplência, a Legacy avalia que o cenário é favorável a uma flexibilização da política monetária. Segundo a análise, esses fatores, aliados à queda mais rápida da inflação, abrem espaço para que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie cortes na taxa Selic já na última reunião de 2025.
A leitura, no entanto, contrasta com a postura ainda conservadora do Banco Central. Na semana passada, o Copom manteve a Selic em 15% ao ano, classificando o nível como “significativamente contracionista”. Na ata divulgada nesta terça-feira (5), o colegiado reiterou que o ambiente se tornou mais adverso, principalmente após o anúncio dos Estados Unidos sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre alguns produtos brasileiros. O documento reforça que os juros devem seguir elevados por um período prolongado, mas admite que as próximas decisões dependerão da evolução da economia e do comportamento inflacionário.
Pressão internacional e política monetária global
No cenário externo, a Legacy também observou uma mudança relevante no mercado de trabalho norte-americano. A revisão para baixo na criação de vagas nos EUA aumentou as chances de cortes nos juros pelo Federal Reserve. A gestora projeta uma redução de pelo menos 100 pontos-base ainda em 2025 — projeção semelhante à do Goldman Sachs, que prevê três cortes sucessivos de 25 pontos-base em setembro, outubro e dezembro, diante de sinais consistentes de desaquecimento da economia e do mercado de trabalho.
Esse contexto internacional, segundo a Legacy, tende a favorecer as posições aplicadas em juros nominais e reais no Brasil, o que pode impulsionar os investimentos locais e, ao mesmo tempo, pressionar o dólar, criando uma perspectiva de um ambiente monetário global mais flexível a partir de 2026.
Incertezas seguem no radar
Apesar do tom otimista quanto à inflação e aos juros, a Legacy chama atenção para o fator de instabilidade representado pela tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos. Embora produtos estratégicos da pauta exportadora brasileira tenham sido excluídos das novas tarifas americanas, o cenário ainda inspira cautela. A carta foi publicada antes da decisão judicial que determinou prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro — fator que, segundo analistas do mercado, pode acirrar o ambiente político e dificultar avanços nas negociações comerciais com Washington.
No campo do desempenho financeiro, o principal fundo da Legacy registrou ganho de 0,17% em julho, acumulando rentabilidade de 8,08% no ano e de 11,52% nos últimos 12 meses. Os principais motores desse desempenho foram as posições em ações, compensando perdas em apostas vendidas no dólar e aplicadas em juros.
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