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Investidores se preparam para disparada do petróleo após ataque dos EUA a instalações nucleares do Irã

Escalada militar aumenta temores de inflação global e provoca corrida por ativos de segurança, enquanto Teerã promete retaliação com consequências eternas

Petróleo dispara após ataque de Israel contra o Irã (Foto: Reuters)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – O ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares do Irã provocou reações imediatas no mercado financeiro e aumentou os riscos de uma nova escalada no conflito do Oriente Médio. A informação foi publicada pela agência Reuters, com base em relatos de autoridades e análises de investidores globais. O presidente Donald Trump classificou a operação como "um sucesso militar espetacular", ao anunciar que os principais centros de enriquecimento de urânio iranianos foram “completamente e totalmente obliterados”.

Em pronunciamento televisionado, Trump também ameaçou expandir a ofensiva caso o Irã não aceite negociar um acordo de paz. A resposta de Teerã foi imediata. O ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, afirmou durante evento em Istambul que o país “reserva todas as opções para se defender” e advertiu para “consequências eternas”. Segundo ele, qualquer possibilidade de diálogo só será considerada após uma resposta proporcional do Irã.

Corrida por proteção e possível disparada do petróleo

A ofensiva norte-americana aumentou a incerteza nos mercados e levou investidores a projetarem uma alta abrupta no preço do petróleo. Mark Spindel, diretor de investimentos da Potomac River Capital, avaliou que “os mercados vão inicialmente reagir com alarme, e o petróleo vai abrir em alta”. Para ele, o impacto completo ainda depende de uma avaliação mais precisa dos danos, mas o fato é que “a incerteza vai dominar os mercados”.

Apesar da gravidade do episódio, as bolsas do Golfo Pérsico apresentaram estabilidade ou leve alta no domingo, primeiro dia útil da semana na região. Índices principais de países como Catar, Arábia Saudita e Kuwait mostraram relativa calma. Já o principal índice da Bolsa de Tel Aviv, em Israel, alcançou um novo recorde histórico.

Em contrapartida, o mercado de criptomoedas refletiu o nervosismo dos investidores de varejo: o ether, segunda maior moeda digital do mundo, registrou queda de 8,5% apenas no domingo, acumulando perda de 13% desde o início da ofensiva israelense contra o Irã, em 13 de junho.

Pressão inflacionária e risco de novo choque global

Um dos principais temores no momento é o impacto da escalada sobre a inflação global. O analista Saul Kavonic, da empresa australiana MST Marquee, alerta que o Irã pode retaliar mirando infraestrutura energética norte-americana no Oriente Médio, especialmente nas regiões do Golfo e no Estreito de Ormuz — rota por onde passa cerca de um terço do petróleo comercializado mundialmente.

“Tudo depende de como o Irã vai reagir nas próximas horas e dias. Mas se a resposta seguir as ameaças anteriores, o petróleo pode atingir a marca de 100 dólares”, afirmou Kavonic.

O contrato Brent já acumulava alta de 18% desde o dia 10 de junho, alcançando o pico de US$ 79,04 por barril, o maior nível em quase cinco meses. Mesmo com os sinais de tensão, o índice S&P 500, principal referência da Bolsa de Nova York, manteve estabilidade após queda inicial com os ataques de Israel.

Jamie Cox, sócio da Harris Financial Group, afirmou que a destruição das capacidades nucleares iranianas pode levar Teerã a buscar um acordo de paz. “Com essa demonstração de força e a aniquilação total das instalações nucleares, o Irã perdeu toda a sua vantagem de barganha e provavelmente vai tentar negociar um cessar-fogo”, opinou.

Dólar, juros e volatilidade

O aumento das tensões tende a impulsionar a demanda por ativos considerados seguros, como o dólar e os títulos do Tesouro dos EUA. O estrategista Steve Sosnick, da IBKR, disse que “é difícil imaginar que as ações não reajam negativamente” e que “a dúvida é o tamanho da correção”. Para ele, se houver uma fuga para ativos seguros, os rendimentos dos títulos devem cair e o dólar se fortalecer.

No entanto, Jack McIntyre, gestor da Brandywine Global Investment Management, pondera que o efeito nos juros pode ser limitado pela sensibilidade do mercado à inflação. Segundo ele, um eventual “caminho para mudança de regime” no Irã, com possível abertura econômica, poderia ter impactos mais amplos no futuro da economia global.

Histórico de recuperação após crises

Embora os impactos imediatos da crise possam ser negativos, dados históricos sugerem que os mercados tendem a se recuperar nos meses seguintes a conflitos no Oriente Médio. Segundo levantamento da Wedbush Securities com o CapIQ Pro, o índice S&P 500 caiu, em média, 0,3% nas três semanas seguintes ao início de conflitos, mas registrou alta média de 2,3% dois meses depois.

Ainda assim, o episódio atual marca uma intensificação inédita da tensão entre Estados Unidos, Irã e Israel, envolvendo diretamente instalações nucleares e ameaças mútuas de represálias. Com o petróleo em alta e os investidores em alerta, o mundo observa com apreensão os próximos passos no tabuleiro geopolítico.

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