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Investidores reagem a cúpula entre EUA e Rússia sem acordo

Expectativa de avanços foi frustrada, mas analistas apontam que a ausência de novas sanções traz algum alívio aos mercados

Encontro entre Putin e Trump no Alasca (Foto: Reuters)

247 – A reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizada nesta sexta-feira (15) no Alasca, terminou sem acordo concreto para encerrar a guerra da Rússia na Ucrânia. A notícia foi divulgada pela Reuters, que ouviu analistas e estrategistas sobre os reflexos da cúpula nos mercados internacionais.

Segundo a agência, líderes financeiros e especialistas em energia avaliaram que o encontro trouxe apenas sinais diplomáticos genéricos, sem medidas práticas ou compromissos firmes. Ainda assim, a ausência de novas sanções foi interpretada por parte do mercado como um fator de alívio.

Expectativa frustrada e diplomacia limitada

Helima Croft, chefe global de estratégia de commodities do RBC Capital Markets, avaliou que o resultado já era esperado: “Parece ser o cenário que antecipamos em nossa análise. Declarações diplomáticas sem detalhes concretos. Vamos observar se esse desfecho de ‘continua’ será suficiente para suspender as sanções secundárias à Índia por continuar importando petróleo russo. Certamente está muito aquém de algo que convença os europeus a reverem suas sanções energéticas contra a Rússia.”

Na mesma linha, Eugene Epstein, da Moneycorp, destacou que não havia expectativa de avanços significativos: “Ninguém esperava que, em poucas horas, surgisse um plano específico. O mais importante foi o simbolismo do encontro, que abre caminho para diálogos futuros.”

Reação dos mercados

Apesar da frustração política, parte dos analistas enxergou elementos positivos para os investidores. Eric Teal, diretor de investimentos do Comerica, afirmou: “O fato de não haver novas sanções econômicas é positivo e os mercados devem respirar aliviados. Vejo oportunidade no setor de energia, já que os preços do petróleo estão baixos e não houve restrição adicional.”

Ele também destacou que o ouro e outros metais preciosos podem perder força como ativo de proteção, mas continuam atrativos como ponto de entrada em caso de queda.

Carol Schleif, estrategista-chefe do BMO Private Wealth, lembrou que os mercados não estão focados no conflito: “A única notícia foi absolutamente nenhuma notícia. Questões geopolíticas raramente dominam a atenção dos investidores por muito tempo. Os mercados estão em máximas históricas mesmo após três anos de guerra, porque importam mais o consumo, a inflação e os discursos esperados em Wyoming na próxima semana.”

Próximos passos na negociação

Para Tom Di Galoma, diretor de trading da Mischler Financial, a reunião pode ter estabelecido as bases de uma negociação mais ampla, que deverá incluir também o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy: “Trump precisa agora levar à União Europeia o que Putin disse e depois negociar com Zelenskiy. Acredito que eles devem chegar a um acordo em 30 dias, com uma nova reunião entre Trump, Putin e Zelenskiy.”

O estrategista, no entanto, destacou certa decepção pela ausência de perguntas na coletiva: “Fiquei surpreso que eles não aceitaram perguntas. Há uma decepção nisso, mas até que um acordo seja feito, não há muito o que detalhar.”

O encontro foi visto como simbólico, mas de alcance limitado. Para Jamie Cox, do Harris Financial Group, o fato de a Ucrânia não ter participado inviabilizou qualquer chance de acordo:
“Sem a Ucrânia na mesa, não havia possibilidade real de paz. A presença de Putin já foi significativa, mas ele não poderia encerrar o conflito em solo americano ao lado de Trump.”

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