Haddad chama de 'ingênua' cobrança de Tarcísio para Lula ligar a Trump e discutir tarifas
Ministro criticou declaração do governador de São Paulo e disse que reuniões entre chefes de Estado exigem preparação diplomática e negociação prévia
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reagiu às declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que cobrou uma ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir as tarifas impostas pelos EUA aos produtos brasileiros. Para Haddad, a sugestão demonstra desconhecimento sobre o funcionamento das relações diplomáticas. As informações são da coluna da jornalista Andréia Sadi, do g1.
Mais cedo, durante um evento voltado ao agronegócio, Tarcísio criticou a atual condução do diálogo bilateral e afirmou que encontros institucionais não seriam suficientes para destravar questões comerciais. “Quantas vezes vamos ter reuniões de alto nível no Departamento de Estado? Quantas vezes vamos ter a ligação do presidente brasileiro com o presidente americano? É isso que vai fazer a diferença”, disse o governador.
Ao responder à cobrança, Haddad destacou que “a afirmação do governador é no mínimo um pouco ingênua. Talvez uma pessoa que ainda não tenha traquejo das Relações Internacionais. Não funciona assim. Quando dois chefes de Estado se falam, existe preparação prévia para que a reunião ou o telefonema resulte na melhor condição de negociação para os dois países”.
O ministro ressaltou que, na prática, a comunicação direta entre líderes depende de alinhamento técnico e político anterior, e que a falta de consenso pode impedir avanços. “Quando você, três ministros — Itamaraty, Fazenda e Desenvolvimento —, não estão conseguindo sequer sentar à mesa para dialogar, quando encontra resistência por causa da atuação de pseudo brasileiros em Washington, penso que o governador está sendo um pouco ingênuo de imaginar que esse telefone é a chave... Mas não é”, completou.
Na entrevista, Haddad também informou que o encontro virtual previsto para quarta-feira (13) com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, para tratar do chamado “tarifaço”, foi cancelado. Segundo o ministro, a decisão teria relação com pressões políticas.
“A militância antidiplomática dessas forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca teve conhecimento da minha fala, agiu junto a alguns assessores, e a reunião virtual que seria na quarta-feira foi desmarcada”, disse numa referência velada ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), que vem atuando junto a autoridades estadunidenses para impor sanções contra autoridades brasileiras.
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