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Galípolo reconhece Selic "alta", mas diz que "comando" do BC é limitar inflação a 3%

Presidente do Banco Central diz que mercado de trabalho “muito resiliente” obriga o país a conviver com juros maiores por longos períodos

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante coletiva de imprensa, em Brasília - 27/03/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reconheceu nesta segunda-feira (29) que a taxa Selic está em um nível elevado, mas reforçou que a prioridade da instituição é garantir a convergência da inflação para a meta de 3%. As declarações foram dadas durante evento promovido pelo Itaú, em São Paulo.

Segundo Galípolo, o papel da autoridade monetária é assegurar estabilidade de preços, mesmo que isso implique a manutenção de juros altos por mais tempo. “A gente continua observando para ver se os juros estão em um patamar suficiente para convergir à meta. O comando que o Banco Central recebe é para botar a inflação em 3%. Você vai dosar o remédio em função do indicador que você está olhando, e o indicador que a gente está olhando é a meta”, afirmou.

Juros altos e expectativas

O presidente do BC disse que a atual política monetária busca conter a “desancoragem das expectativas”, que, segundo ele, preocupa a instituição. “O Banco Central jamais falou algo diferente, que 15% não é uma taxa alta".

Galípolo afirmou ainda que a instituição pretende manter os juros elevados enquanto for necessário. “Ao Banco Central cabe ancorar, buscar a convergência da inflação à meta, colocar os juros restritivos pelo período que for necessário. A gente pretende manter esse patamar por um tempo prolongado para garantir essa convergência”, disse.

Suavização da economia

O dirigente destacou que o cenário projetado pelo BC é de uma desaceleração gradual da atividade econômica, vista como condição para o cumprimento da meta de inflação. “O que a gente vem assistindo é um cenário da projeção original que o BC vinha fazendo, de suavização do ciclo econômico depois de quatro anos. Esse é um cenário que vem subsidiando aquele cenário base: uma desaceleração ordenada. É importante que o Banco siga sem se emocionar a partir de um dado isolado”, declarou.

Mercado de trabalho resiliente

Galípolo também chamou atenção para a força do mercado de trabalho brasileiro, que, segundo ele, nunca esteve tão robusto. “Os dados demonstram um mercado de trabalho que nunca esteve tão exuberante. É o melhor mercado das últimas três décadas, realmente muito resiliente”, avaliou.

Ele ressaltou que a resiliência do emprego, mesmo em um ambiente de juros elevados, é um desafio adicional para a política monetária. “Por que mesmo com a taxa de juros tão alta você ainda enxerga um mercado de trabalho em pleno emprego ou para lá do pleno emprego? Essa é uma questão que essa geração vai ter que tratar. É um debate que precisa ser colocado. O que significa que às vezes você precisa conviver muitas vezes com uma dose maior do remédio e por um período mais longo”, concluiu.

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