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Galípolo considera “legítima” a crítica de Haddad à política de juros

Presidente do Banco Central afirmou que críticas de Fernando Haddad e Rogério Ceron foram feitas de forma educada e respeitosa

Gabriel Galípolo (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, defendeu nesta quinta-feira (25) o direito de autoridades e especialistas expressarem suas opiniões sobre a política de juros conduzida pela instituição. A fala ocorreu após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que nesta semana afirmou ver espaço para uma redução da taxa básica da economia. Segundo Haddad, a Selic “nem deveria estar no atual patamar de 15% ao ano”. As informações foram publicadas pelo g1.

Galípolo destacou que manifestações públicas sobre a condução da política monetária fazem parte do processo democrático e não comprometem a autonomia do BC. Ele ressaltou ainda que, no caso do ministro Haddad e do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, as críticas vieram acompanhadas de respeito e cordialidade. “Eu acho um luxo a delicadeza com que o ministro Haddad e o secretário Ceron têm se manifestado sobre a política de juros do Banco Central”, afirmou.

Debate sobre a Selic em 15% ao ano

Atualmente fixada em 15% ao ano, a taxa Selic é a mais alta registrada em quase duas décadas. Segundo Galípolo, há economistas que defendem a manutenção dos juros nesse patamar por um período prolongado ou até mesmo novos aumentos, como forma de conter pressões inflacionárias. Ele, porém, reforçou que ouvir opiniões divergentes faz parte da dinâmica institucional.

“A ideia de autonomia, de maneira alguma, remete a que todo mundo vai concordar com o que está sendo feito pelo Banco Central. Muito pelo contrário. É absolutamente legítimo que, tanto agentes quanto economistas, expressem sua opinião sobre a política monetária”, declarou.

A posição de Haddad

No início da semana, Haddad defendeu uma redução nos juros e criticou o nível atual. “Eu entendo que tem espaço para esse juro cair. Acredito que nem deveria estar em 15% [ao ano]. Ele [presidente do BC, Gabriel Galípolo] tem os quatro anos de mandato dele, e ele vai entregar um resultado consistente ao Brasil [...]. Eu não voto no Copom. Essa opinião, boa parte do mercado compartilha”, afirmou o ministro.

Reconhecimento à crítica respeitosa

Apesar das divergências, Galípolo reiterou sua admiração pela forma como Haddad e Ceron conduziram as críticas. “No caso específico das falas do meu amigo ministro Fernando Haddad, e vou estender ao querido Ceron, eu pessoalmente acho um luxo você ter o ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro fazendo comentários sobre política monetária com delicadeza, gentileza e com a educação que eles fizeram”, disse.

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