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EUA avaliam ampliar imposto sobre exportação para outros setores

Secretário do Tesouro Scott Bessent indica que modelo testado com fabricantes de chips pode ser aplicado a diferentes indústrias no futuro

Scott Bessent (Foto: REUTERS/Jonathan Drake)

247 - O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, sugeriu que o acordo inédito firmado pelo governo do presidente Donald Trump com as fabricantes de semicondutores Nvidia e AMD pode servir de modelo para outros setores da economia. Em entrevista à Bloomberg TV, Bessent afirmou que, embora o arranjo seja único no momento, ele abre espaço para replicação em diferentes indústrias, relata o Financial Times.

O entendimento, revelado na segunda-feira, prevê que as empresas entreguem ao governo norte-americano 15% da receita obtida com a venda de chips para a China em troca de licenças de exportação. A Nvidia aplicará a medida sobre os modelos H20, enquanto a AMD fará o mesmo com seus semicondutores MI308.

“Acho que poderíamos ver isso em outros setores ao longo do tempo”, disse Bessent. “Agora que temos o modelo e o teste beta, por que não expandir?”.

Segundo o secretário, o acordo não representa risco à segurança nacional, já que envolve componentes “níveis abaixo” na hierarquia tecnológica. “Não venderíamos nenhum dos chips avançados”, afirmou.

Possível ampliação do acordo

O presidente Trump declarou que considera permitir que a Nvidia exporte também seus chips avançados Blackwell para a China, atualmente proibidos, mas em versões “rebaixadas” — prática semelhante à venda de caças de tecnologia reduzida a outros países. Essa medida marcaria uma possível reversão das restrições impostas pelo governo Biden, que dificultavam o acesso chinês a semicondutores usados em áreas sensíveis, como modelagem de armas nucleares e desenvolvimento de armamentos hipersônicos.

Se aprovada, a mudança poderia destravar bilhões de dólares em vendas para a Nvidia, cujo CEO, Jensen Huang, tem feito intensa pressão pela liberação de exportações.

Impacto econômico e disputa tecnológica

Bessent argumenta que permitir a venda dos H20 à China transformaria a Nvidia em “referência para a tecnologia chinesa” e, ao mesmo tempo, aumentaria as receitas do governo, ajudando a reduzir a dívida pública. Ele também destacou que a medida visa conter a influência tecnológica de Pequim.

“O que não queremos aqui é que a Huawei tenha uma Rota da Seda digital”, disse. “Não queremos que o padrão se torne chinês no mundo ou mesmo na própria China".

A discussão se insere na disputa global por liderança em inteligência artificial, semicondutores e padrões tecnológicos, setores vistos como estratégicos para a economia e a segurança nacional dos EUA.

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