Economia alemã em crise estrutural, admite Merz
Chanceler reconhece que desafios são mais profundos do que simples fraqueza econômica e cita queda nos lucros da Volkswagen e da BMW
247 – A economia da Alemanha atravessa uma crise estrutural e não apenas um período de “fraqueza temporária”, segundo admitiu o chanceler Friedrich Merz. A declaração foi feita no último sábado (24), durante discurso a membros da União Democrata Cristã (CDU) em Osnabrück, cidade da Baixa Saxônia e sede da montadora Volkswagen. As informações foram publicadas pela RT.
“Não estamos apenas em um período de fraqueza econômica, estamos em uma crise estrutural da nossa economia”, afirmou Merz. O chanceler reconheceu que recolocar o país nos trilhos tem se mostrado mais difícil do que imaginava: “Digo isso também de forma autocrítica – esta tarefa é maior do que alguns poderiam ter imaginado há um ano”.
Setor automotivo como símbolo da crise
Em seu discurso, Merz destacou que grandes setores da economia alemã “já não são verdadeiramente competitivos”. Para exemplificar, citou a Volkswagen, que registrou queda de 36% no lucro líquido no segundo trimestre de 2024. O chanceler classificou o resultado como “uma das muitas mensagens” que revelam a gravidade da situação.
Merz alertou que, a partir desta semana, ninguém deve mais se iludir quanto à profundidade dos desafios enfrentados pela economia alemã. Apesar de elogiar a qualidade dos produtos e a postura de dirigentes empresariais, o líder político ressaltou que “as condições de base na Alemanha simplesmente não têm sido boas o suficiente na última década”.
Outro gigante do setor automotivo, a BMW, também anunciou retração de 29% nos lucros no primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano passado. A sequência de resultados negativos em empresas que simbolizam a força industrial do país acendeu temores sobre o futuro da principal potência econômica da União Europeia.
Projeções preocupantes
A Alemanha enfrentou recessão em 2023 e, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), deve registrar crescimento zero em 2024. A combinação de estagnação e perda de competitividade em setores estratégicos reforça a percepção de que os problemas vão além de oscilações conjunturais e configuram um quadro de crise estrutural.