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      Dólar sobe após operação contra Bolsonaro gerar medo de retaliação dos EUA

      Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 0,71%

      Notas de dólar 12/02/2018. (Foto: REUTERS/Jose Luis Gonzalez/Illustration/File Photo)
      Bianca Penteado avatar
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      SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a sexta-feira em alta no Brasil após o ex-presidente Jair Bolsonaro ser alvo de operação da Polícia Federal, com as cotações refletindo o receio de investidores de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possa anunciar retaliações ao Brasil, ampliando os ataques comerciais ao país.

      A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,72%, aos R$5,5875, no maior nível de encerramento desde 4 de junho, quando foi cotada em R$5,6450. Na semana, o dólar acumulou alta de 0,71%.

      Às 17h07, na B3, o dólar para agosto -- atualmente o mais líquido no Brasil – subia 0,66%, aos R$5,6040.

      Logo no início do dia a notícia da operação da PF contra Bolsonaro concentrou as atenções do mercado. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes impôs a Bolsonaro o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de usar as redes sociais e o recolhimento domiciliar entre 19h e 6h de segunda a sexta e em tempo integral nos fins de semana e feriados.

      Além disso, proibiu o ex-presidente de manter contato com embaixadas de outros países e de se comunicar com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho. Eduardo tem sido o principal defensor, nos EUA, das medidas de Trump contra o Brasil, como a imposição de tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

      A decisão de Moraes -- já referendada nesta sexta pela maioria da primeira turma do Supremo -- surgiu um dia após Trump voltar a vincular a adoção da tarifa ao julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. O ministro afirmou que as condutas de Bolsonaro e Eduardo "caracterizam claros e expressos atos executórios e flagrantes confissões da prática dos atos criminosos", e mencionou os crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e atentado à soberania.

      No mercado, o receio de que Trump possa retaliar o Brasil, ampliando seus ataques comerciais, deu força ao dólar ante o real e às taxas dos DIs.

      “A ação contra Bolsonaro faz o dólar subir, porque o mercado aguarda alguma reação de Trump. Estão todos apreensivos com a possibilidade de Trump aumentar as tarifas brasileiras”, resumiu o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.

      Às 11h05, o dólar à vista marcou a cotação mínima de R$5,5239 (-0,43%), enquanto os investidores ainda digeriam a enxurrada de notícias sobre Bolsonaro e a moeda tentava acompanhar o recuo firme da divisa norte-americana no exterior. Mas, depois disso, o dólar à vista foi ganhando força gradativamente e renovando máximas atrás de máximas, até o pico de R$5,5992 (+0,93%) às 15h46.

      O movimento no Brasil ocorreu a despeito de, no exterior, a moeda norte-americana sustentar perdas. Às 17h15, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,05%, a 98,459.

      “O real... não foi capaz de surfar essa tendência, tendo um dos piores desempenhos entre seus pares. Esse descolamento se deu por conta dos acontecimentos políticos locais, com a Polícia Federal cumprindo ordem judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”, pontuou André Valério, economista sênior do Inter.

      “Com isso, aumenta-se a incerteza sobre a relação Brasil-EUA, com potencial de acirramento na questão tarifária como possível retaliação à operação, o que elevou a percepção de risco do mercado local”, acrescentou.

      Além do medo da retaliação de Trump, os ativos no Brasil eram pressionados pela avaliação de que a direita está se enfraquecendo politicamente -- incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, até agora o nome preferido na Faria Lima para a disputa presidencial de 2026, mas que está com dificuldades para conciliar em seu discurso a defesa de Bolsonaro e as tarifas de Trump.

      À tarde, sem qualquer referência direta ao Brasil, Trump voltou a ameaçar impor tarifas aos membros do Brics e disse que o grupo acabaria “muito rapidamente” se algum dia eles se formassem de modo significativo.

      "Quando ouvi sobre esse grupo do Brics, seis países, basicamente, eu os ataquei com muita, muita força. E se algum dia eles realmente se formarem de modo significativo, isso acabará muito rapidamente", disse Trump, sem mencionar os nomes dos países.

      Pela manhã, o Banco Central do Brasil vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional em operação de rolagem. 

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