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      Entre USDT e Bitcoin, o movimento foi de mais de R$14 bilhões em junho

      O mercado brasileiro de criptomoedas voltou a ganhar tração em junho de 2025.

      Apenas dois ativos, a stablecoin Tether (USDT) e o Bitcoin (BTC), moveram R$14,7 bilhões em negociações lastreadas em real, alta de 21% sobre maio.

      O salto se deu num ambiente de real ligeiramente mais forte, pois o dólar recuou de R$5,69 para R$5,57 no período, e de debates acalorados sobre a nova Medida Provisória 1.303, que extingue a isenção de até R$35 mil para ganhos de capital em cripto.

      USDT: R$9,63 bilhões em um único mês

      O volume de USDT negociado em reais atingiu R$9,63 bilhões, 32% acima do registrado em maio, deixando a stablecoin como o principal porto seguro do investidor brasileiro. O dado consta do relatório da Biscoint e confirma que, a cada três reais transacionados em cripto, quase dois passaram pelo USDT.

      Além da liquidez, os números foram influenciados pela desvalorização do dólar frente ao real, que barateou a entrada na stablecoin, e a expectativa de novas oportunidades de arbitragem, caso determinados tokens ganhem listagem futura da Coinbase. Esse evento  costuma destravar fluxos e, por consequência, aquecer as mesas brasileiras.

      A Binance ainda detém 81,9% do par USDT/BRL, mas plataformas nacionais vêm ocupando lacunas deixadas por restrições de saque e limites de TED em grandes exchanges internacionais. A BitPreço, por exemplo, saltou para 5,4% de participação, reflexo da integração nativa com Pix e de campanhas de taxa zero nos fins de semana.

      No dia a dia, o stablecoin funciona como hedge instantâneo contra oscilações cambiais e, cada vez mais, como veículo de remessas baratas. Segunda Sarah Uska, analista da Bitybank, todos os benefícios de dolarizar a poupança se aplicam aqui, só que com menos intermediários e liquidez 24/7.

      Bitcoin ainda reina, mas sente a MP 1.303

      Mesmo em meio a tensões geopolíticas no Oriente Médio e à volatilidade dos mercados no mundo, o Bitcoin movimentou R$5,18 bilhões em junho, 5,7% acima do mês anterior. O preço, porém, encerrou o período praticamente de lado, recuando de R$593.870 para R$589.370.

      Isso sugere entrada de capital de pequenos investidores atraídos por promoções de taxa zero e pela convicção de comprar na baixa. Esse apetite esbarra agora nos efeitos da Medida Provisória 1.303/2025.

      O texto propõe alíquota fixa de 17,5% sobre qualquer ganho com cripto, eliminado a isenção de R$35 mil para vendas mensais. A ABCripto classificou a medida como incentivo à sonegação, alertando para a migração de traders para plataformas estrangeiras.

      Esse é um risco que pode corroer parte da liquidez doméstica justamente quando exchanges locais avançam sobre o market share da Binance.

      Correlação ou descorrelação?

      Os números de junho sugerem um curioso descolamento. Enquanto o real ganhou força de 2,1% frente ao dólar e o USDT acompanhou o câmbio, o volume na stablecoin disparou, sinal de que investidores preferiram dolarizar posições em vez de mantê-las em BTC.

      Já o Bitcoin, sempre visto como porto seguro em ambientes de inflação, teve alta modesta de volume e leve queda de preço, indicando realização de lucros. O fluxo para a stablecoin não implicou, desta vez, saída direta do Bitcoin, mas sim entrada de recursos novos, vindos sobretudo de remessas e de arbitragens em altcoins lá fora.

      Por ora, a leitura predominante nos painéis de negociação é que o investidor brasileiro segue usando o USDT como ponte para oportunidades mais arriscadas. O relatório da Biscoint mostra que a Binance segue dominante, mas a folga diminuiu.

      Em junho, a corretora concentrou 53,5% do volume no par BTC/BRL, após perder cerca de cinco pontos de participação nesse mercado desde maio. Ao mesmo tempo, Mercado Bitcoin passou a responder por 19,9% das negociações de Bitcoin.

      A mudança de fluxo se deve a elevação das tarifas de saque anunciada pela Binance para contas com origem no Sistema Financeiro Nacional e o reforço das exigências de prova de origem de fundos. Já as mesas locais conseguiram absorver a demanda.

      A disputa por liquidez também ganhou contornos inusitados após o ataque cibernético que drenou R$800 milhões via Pix no início de julho. Embora o episódio não tenha ocorrido em nenhuma exchange, parte dos valores desviados tentou ser convertida em USDT e Bitcoin, acelerando a adoção de ferramentas de monitoramento de endereço e listas de bloqueio.

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