Alexandre Silveira diz que Brasil pode negociar etanol com os EUA, mas deve manter tarifa de 18%
Ministro de Minas e Energia afirma que taxa protege o agronegócio e o Nordeste
247 – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o Brasil está aberto a discutir o etanol nas negociações comerciais com os Estados Unidos, mas defende com firmeza a manutenção da tarifa de 18% sobre o produto importado. A declaração foi dada em entrevista à Folha de S.Paulo, em meio à tensão comercial provocada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que anunciou recentemente uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
“Naturalmente, vou defender que se mantenha a estabilidade da taxa, até porque o etanol é muito importante para o Nordeste brasileiro”, declarou Silveira. Ele destacou que o equilíbrio tarifário entre Brasil e Estados Unidos deve considerar não apenas o etanol, mas também o açúcar, que sofre sobretaxas de até 90% nos EUA. “As taxas do etanol têm que ser mantidas”, reforçou.
As tratativas com os norte-americanos estão sendo conduzidas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Silveira afirmou confiar na condução política e técnica do processo por parte de Alckmin. “Só o diálogo que o presidente Alckmin está estabelecendo com os EUA é que vai nos levar a uma conclusão definitiva sobre quais produtos estarão na mesa”, disse o ministro, ao pontuar que eventuais mudanças não devem enfraquecer setores estratégicos da economia brasileira.
Questionado sobre a possibilidade de retaliação dos EUA a países que importam petróleo e derivados da Rússia, Silveira foi direto: “Não seria correto”. Segundo o ministro, 21% do diesel consumido no Brasil é importado, e 64% desse total vem da Rússia. “Isso facilita com que a gente tenha um preço médio na bomba de combustível mais baixo”, explicou.
Outro ponto sensível abordado na entrevista foi a intenção declarada pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, de utilizar a energia paraguaia de Itaipu em projetos de inteligência artificial. Silveira reagiu dizendo que Rubio “estava mal informado”. Ele esclareceu que o Paraguai só terá liberdade plena para comercializar sua energia a partir de 2027, quando termina o atual modelo contratual da usina de Itaipu. “Antes disso, há uma relação contratual consolidada”, afirmou.
Silveira também comentou sobre a nova gestão da Petrobras sob comando de Magda Chambriard, classificando a relação como “muito mais estável” em comparação com a anterior, comandada por Jean Paul Prates. “Com relação à intenção e mais do que isso ao trabalho da presidenta Magda, é irretocável”, elogiou.
Outro tema tratado foi o licenciamento ambiental na Margem Equatorial. Segundo o ministro, a expectativa é de que a Avaliação Pré-Operacional (APO), última etapa para a liberação da prospecção, seja concluída em agosto. “Se sair na véspera da COP, não temos que ter nenhum constrangimento. O Brasil tem uma das melhores matrizes energéticas do mundo”, afirmou.
Sobre o programa social “Gás para Todos”, Silveira anunciou que a medida provisória já está pronta e deve ser assinada em breve pelo presidente Lula. A proposta prevê a distribuição de gás de cozinha para 17 milhões de famílias de baixa renda cadastradas no CadÚnico. O benefício será escalonado conforme o número de integrantes por família, com valores orçados em R$ 2,6 bilhões ainda para 2025 e R$ 5 bilhões previstos para 2026.
O ministro também não descartou a possibilidade de adoção do horário de verão em 2025, destacando que a medida será analisada tecnicamente nos próximos 45 dias: “Caso seja decidida a necessidade do horário de verão, há de se planejar os setores aéreos, o setor de transporte, os setores estratégicos”.
Ao final, Silveira defendeu uma política de agregação de valor à exploração de minerais raros no Brasil e declarou não ver problema na possível venda da fatia da Eletrobras na Eletronuclear para empresas estrangeiras. “Que seja americana, que seja chinesa”, afirmou.
A entrevista reforça o posicionamento do governo brasileiro diante da nova postura protecionista da gestão Trump e sinaliza que o país pretende manter firme sua estratégia de equilíbrio comercial e defesa dos setores produtivos estratégicos.
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