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      A 15%, Banco Central eleva Selic ao maior patamar desde 2006 e frustra o governo

      Aliados do governo no Congresso vocalizam críticas ao BC: “paraíso dos rentistas: quem vive de juros ganha, quem trabalha perde”

      Banco Central do Brasil (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa Selic para 15% ao ano, anunciada na quarta-feira (18), provocou forte repercussão no meio político e econômico. Conforme noticiado pelo Metrópoles, trata-se da sétima alta consecutiva dos juros, que atingem agora o maior patamar desde julho de 2006.

      A decisão unânime do Copom encerra um ciclo iniciado em setembro de 2024, quando a autoridade monetária interrompeu os cortes e passou a adotar uma postura mais agressiva, com sucessivos aumentos da Selic, que saiu de 10,50% para os atuais 15%. A medida tem como objetivo conter a inflação persistente, especialmente dos alimentos, que tem pressionado a política econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

      Juros altos, consumo em baixa - A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controle da inflação. Ao elevar os juros, espera-se reduzir o consumo e desestimular os investimentos, o que pode resultar em desaquecimento da economia e queda nos preços. No entanto, essa política tem gerado insatisfação crescente no campo político, principalmente entre os aliados do governo, que veem no aperto monetário um obstáculo ao crescimento e à geração de empregos.

      A avaliação de parte do mercado é de que os juros não devem mais cair para patamares abaixo de dois dígitos ao longo do mandato de Lula e do atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, nomeado pelo próprio presidente. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 29 e 30 de julho.

      Reações no governo e no Congresso - Apesar de ter moderado o tom das críticas nos últimos meses, o presidente Lula já indicava que o governo não esperava alívio imediato na política de juros. Quando a Selic ainda estava em 14,75%, o presidente declarou: “o que está acontecendo já estava precificado, a gente já sabia que isso ia acontecer. Então, o que nós estamos conscientes é de que a inflação está controlada, o preço dos alimentos começou a cair e eu acho que logo, logo, o Banco Central vai tomar a atitude correta de abaixar o juros”.

      A nova elevação, no entanto, causou reações duras entre parlamentares da base. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), classificou a taxa como “indecente, proibitiva e desestimula investimentos produtivos”. Ele afirmou ainda que a política atual “transforma o Brasil no paraíso dos rentistas: quem vive de juros ganha, quem trabalha perde”. E alertou: “falam muito de ajuste fiscal e da dívida pública. Mas o crescimento da dívida não vem dos programas sociais com saúde ou educação — vem do pagamento de juros”.

      Já o deputado Rogério Correia (PT-MG), presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, apontou que cada ponto percentual da Selic gera um custo adicional de R$ 38 bilhões ao erário: “esse dinheiro vai direto para os bancos, para o sistema financeiro e para os juros da dívida”.

      BC sinaliza pausa, mas sem trégua - Em comunicado divulgado após a reunião, o Copom indicou que a tendência é interromper o ciclo de alta, mas que os juros devem permanecer elevados por um “período bastante prolongado”. A justificativa se baseia nas expectativas de inflação para 2025 e 2026, que continuam acima da meta, segundo a pesquisa Focus: 5,2% e 4,5%, respectivamente. A própria projeção do Copom para 2026, considerado o horizonte relevante da política monetária, é de 3,6%.

      “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, afirmou o Banco Central.

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