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Copom projeta juros altos por longo período e adota tom mais duro

Para economista-chefe da gestora, sinalização do BC pode adiar início da queda da Selic e elevar taxa final de 2025 acima dos 13% previstos

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo (Foto: REUTERS/Adriano Machado/)
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247 - A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, levando a Selic para 15% ao ano, surpreendeu parte do mercado. Mas, mais do que o aumento em si, o recado de que os juros permanecerão elevados por “bastante” tempo foi o que mais chamou atenção dos analistas. Segundo o Valor Econômico, a leitura mais dura (“hawkish”) da comunicação do Banco Central foi destacada por Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset Management no Brasil.

“Apesar da surpresa com a alta de 0,25 ponto, ele [o Copom] encerrou o ciclo e usou uma comunicação bastante dura”, afirmou Lima. A Western projetava manutenção da taxa em 14,75% e esperava que o BC desse sinais mais claros de encerramento do ciclo de aperto. A decisão, no entanto, veio acompanhada de uma mensagem que reforça o compromisso da autoridade monetária com a convergência da inflação para a meta, o que, segundo o economista, pode fazer o mercado postergar as expectativas de início da flexibilização monetária.

“Os dados, principalmente os de atividade econômica, surpreenderam o mercado e o BC. Isso gerava alguma desconfiança sobre se o processo de aumento de juros já teria parado. Discutimos internamente e havia a possibilidade de darem 0,25 ponto e fecharem a porta. Foi o que aconteceu. Eles encerraram o ciclo e assumiram que, para voltarem a subir juros, seria preciso ter surpresas bastante negativas daqui até a próxima reunião”, explicou o economista da Western.

Na avaliação de Lima, a autoridade monetária deixou claro que a queda da Selic dependerá da consolidação de expectativas mais firmes em relação à inflação. “O mercado já vinha tirando parte da queda [dos juros futuros] há algumas semanas e movendo mais para a frente, e a comunicação do Copom foi nesse sentido, de reforçar que, para os juros caírem, é preciso ter uma inflação mais baixa e garantia de convergência para 3%.”

Diante desse cenário, o economista admite rever suas estimativas para o início do ciclo de cortes. Atualmente, a projeção da Western é que a flexibilização comece entre o fim do primeiro trimestre e o início do segundo trimestre de 2026. “Talvez o processo de cortes fique mais para o fim do primeiro semestre ou somente na segunda metade do ano. Além disso, a taxa no fim do ano que vem pode ser mais alta, acima dos 13% que vemos agora.”

Lima ressalta que a condução da política monetária está diretamente ligada à credibilidade das metas e ao equilíbrio fiscal. “Se houver uma melhora das expectativas e uma confiança maior na convergência da inflação, o BC pode ser ajudado. Por isso a batalha das expectativas é tão importante, já que boa parte da desancoragem é mais ligada à desconfiança com a questão fiscal”, concluiu.

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