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Túnel submerso entre Santos e Guarujá recebe duas propostas e leilão será realizado nesta sexta

Disputa envolve empresas da Espanha e Portugal; obra do PAC promete ser a maior do litoral paulista e deve custar R$ 6,8 bilhões

Vista aérea do local de construção do túnel Santos-Guarujá (Foto: Agência Gov | via MPoA)

247 - Duas propostas foram apresentadas para a construção e gestão do túnel submerso que vai ligar Santos ao Guarujá, no litoral de São Paulo. A informação foi revelada pelo jornal O Globo, que apurou que as concorrentes são a espanhola Acciona e a portuguesa Mota-Engil. O leilão, que definirá a empresa responsável pelo projeto, está marcado para esta sexta-feira (5).

Trata-se do primeiro túnel submerso da América Latina, considerado a principal obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. A concessão terá duração de 30 anos, e a empresa vencedora será escolhida pela proposta que oferecer o maior desconto na parcela mensal a ser paga pelo poder público durante a operação.

A dimensão da obra

Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, a obra será custeada por recursos federais e estaduais — cada um aportando R$ 2,57 bilhões — além da participação da iniciativa privada. O governo federal e o de São Paulo firmaram parceria após meses de negociações. Apesar das disputas de protagonismo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Tarcísio de Freitas, ambas as administrações têm reafirmado "alinhamento e parceria" no projeto.

O túnel terá 1,5 km de extensão, dos quais 870 metros serão submersos, interligando o bairro Vicente de Carvalho, no Guarujá, ao Macuco, em Santos, próximo ao porto. A passagem terá três faixas por sentido, incluindo espaço para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de ciclovia e passagem para pedestres.

Impacto logístico e pedágio

A estrutura pretende aliviar a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055) e ampliar a capacidade de escoamento do Porto de Santos, atualmente sobrecarregado pelo fluxo de caminhões. Quando entrar em operação, a concessionária cobrará pedágio dos veículos — estimado inicialmente em R$ 6,15 por travessia, com valores atualizados pela inflação até 2029. Pedestres e ciclistas terão isenção.

A estimativa é de arrecadação de R$ 3,16 bilhões em pedágios ao longo da concessão. Além disso, a empresa poderá explorar receitas adicionais, como a venda de espaços publicitários no túnel.

Desafios de engenharia e desapropriações

O projeto exigirá seis módulos pré-moldados em concreto armado, instalados a uma profundidade mínima de 21 metros. Essas estruturas serão construídas em doca seca, transportadas por flutuação e posicionadas no leito do canal, sem interromper a navegação.

O cronograma prevê início das obras em 2026 e conclusão em 2029. Para viabilizar o traçado, será necessária a desapropriação de 776 famílias, a maioria no Guarujá, além da remoção de 645 moradias irregulares em Vicente de Carvalho. O governo estadual e a prefeitura deverão conduzir projetos de reurbanização e reassentamento.


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