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Senadores acusam Motta de romper acordo ao pautar urgência da anistia

Integrantes do Senado afirmam que o presidente da Câmara “atropelou” tratativas, gerando um desgaste político ainda maior

Hugo Motta (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

247 - Dois senadores relataram ao blog de Octavio Guedes, do g1, que havia um compromisso firmado entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP),  para que o projeto de lei da anistia tivesse início de tramitação no Senado. A estratégia garantiria à Casa Alta a palavra final sobre o texto.

A decisão da Câmara de aprovar em regime de urgência a proposta da anistia foi o estopim para mais uma crise entre as duas Casas do Congresso. O movimento aumentou o desgaste político após a aprovação da chamada “PEC da Blindagem”, que também seguirá para análise dos senadores.

Motta teria informado aos líderes da Câmara que havia alinhamento com Alcolumbre para uma tramitação acelerada no Senado. A notícia irritou profundamente o presidente da Casa, que imediatamente buscou o senador Otto Alencar (PSD-BA), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Alcolumbre assegurou que não existe qualquer pressa e reforçou que Alencar tem autonomia para conduzir o tema no ritmo que considerar adequado.

Entre senadores, cresce a percepção de que o Senado vem arcando com os custos políticos de decisões consideradas precipitadas da Câmara. Um parlamentar ouvido resumiu a insatisfação: “O Hugo Motta quer ter a autoridade do Lira, a inteligência do Maia e a capacidade de articulação do Alcolumbre. Mas não tem nada disso e sempre manda a fatura para o Senado”.

Estratégia de Alcolumbre ameaçada

Desde o início do ano, Alcolumbre trabalha para viabilizar um projeto que reduziria em até 50% as penas de condenados pelos atos de 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram a Esplanada dos Poderes. O senador já havia conseguido contornar resistências no governo e no Supremo Tribunal Federal (STF). A ideia era só pautar a proposta quando houvesse certeza de aprovação.

No entanto, a manobra de Motta foi vista como um “atropelo” ao processo. Além disso, senadores temem que o texto aprovado na Câmara abra espaço para incluir o ex-presidente Jair Bolsonaro na anistia, algo que poderia alterar profundamente a correlação de forças em torno do tema.

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