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Sem Desconto: PF deflagra nova fase de operação que investiga fraudes bilionárias no INSS

Ação cumpre 66 mandados em oito estados e no DF. Polícia Federal mira grupo acusado de desviar R$ 6,3 bilhões

INSS (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

247 - A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (9) uma nova etapa da operação que investiga um esquema de fraudes e desvios bilionários de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação cumpre 66 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em nove unidades da federação.

De acordo com o g1, os mandados foram distribuídos entre São Paulo (45), Sergipe (12), Amazonas (1), Rio Grande do Norte (1), Santa Catarina (2), Pernambuco (2), Bahia (2) e Distrito Federal (1). Segundo a PF, o objetivo é aprofundar as investigações sobre crimes de falsificação de dados em sistemas públicos, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Estrutura da operação e alvos principais

As apurações miram três empresas suspeitas de operar a estrutura de lavagem de dinheiro do esquema. Entre os investigados está Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”, apontado como lobista e facilitador do grupo. A PF afirma que entidades e associações voltadas a aposentados cadastravam beneficiários sem consentimento, com assinaturas falsificadas, para descontar mensalidades diretamente dos benefícios pagos pelo INSS.

Em abril, quando a primeira fase da operação veio à tona, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido. Na ocasião, a PF estimou que o prejuízo causado entre 2019 e 2024 pode ter alcançado R$ 6,3 bilhões.

Prisões e apreensões

Nesta nova fase, são cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal, autorizados pelo ministro do STF André Mendonça. Durante a operação, os agentes apreenderam carros de luxo — entre eles uma Ferrari, uma Land Rover, um Porsche, uma Mercedes e até um carro de Fórmula 1 — além de obras de arte encontradas na residência e no escritório do advogado Nelson Wilians, em São Paulo.

Em nota, a defesa de Wilians informou que ele “tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência”, acrescentando que “sua relação com um dos investigados é estritamente profissional e legal”.

Esquema e funcionamento das fraudes

Segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), o grupo atuava em várias frentes para manipular dados e fraudar o sistema previdenciário. As entidades investigadas, de acordo com os órgãos, ofereciam propina a servidores do INSS para obter dados sigilosos de beneficiários, utilizavam assinaturas falsas para autorizar descontos e criaram associações de fachada, muitas delas registradas em nome de idosos e pessoas de baixa renda.

A apuração começou na CGU, em 2023, no âmbito administrativo. Após a detecção de indícios criminais, o caso foi encaminhado à Polícia Federal em 2024.

Defesa dos investigados

A defesa de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”, informou à TV Globo que pretende buscar a liberdade do cliente. Já a defesa do empresário Maurício Camisotti, preso em São Paulo, afirmou não existir “qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação” e denunciou o que chamou de “arbitrariedade cometida durante a ação policial”.

Segundo os advogados, Camisotti “teve seu celular retirado das mãos no exato momento em que falava com seu advogado”, o que configuraria constrangimento ilegal. A defesa disse ainda que adotará “todas as medidas legais cabíveis para reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos fundamentais do empresário”.

Bens e valores sob suspeita

De acordo com as investigações, Antunes teria transferido R$ 9,3 milhões entre 2023 e 2024 para pessoas ligadas a servidores do INSS. A PF apura se os valores têm origem em propinas pagas para manter o esquema de descontos ilegais em benefícios.

As investigações continuam sob sigilo judicial. A Polícia Federal afirma que o objetivo é “esclarecer a prática de crimes e identificar todos os responsáveis pelo desvio de recursos públicos”.

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