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CPMI do INSS: governo se organiza e impõe derrotas à oposição

Aliados de Lula dizem ter até 19 dos 32 votos do colegiado e tentam usar vantagem para ampliar influência

Deputado Paulo Pimenta (PT-RS) (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

247 - O grupo aliado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu se reorganizar dentro da CPMI que investiga os descontos irregulares em benefícios do INSS. Depois de derrotas na escolha da presidência e da relatoria do colegiado, governistas conquistaram três vitórias em votações recentes, o que reforçou a confiança de que agora detêm maioria.

De acordo com a Folha de S.Paulo, os aliados de Lula afirmam ter conquistado até 19 dos 32 votos da comissão. Com esse número, o governo acredita ter condições de travar requerimentos de convocações e de quebras de sigilo considerados prejudiciais à gestão federal.

Derrotas iniciais e mudança de cenário

A recomposição da base governista ocorreu após um início desfavorável na CPMI. O comando do colegiado foi entregue à oposição: o senador Carlos Viana (Podemos-MG) assumiu a presidência, enquanto o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) ficou com a relatoria. A disputa pela presidência foi decidida por 17 a 14, derrotando o senador Omar Aziz (PSD-AM), indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Apesar do avanço governista, a comissão segue como um espaço de risco político. Nas primeiras semanas, aprovou a quebra de sigilo de pelo menos 165 pessoas e empresas. “A CPMI já tem o que ela precisa, que são as quebras de sigilo. Esses são os documentos mais importantes”, declarou Carlos Viana.

Vitórias recentes em votações

A mais recente vitória da base ocorreu na quinta-feira (2), quando governistas barraram, por 16 a 14, a convocação de Edson Claro Medeiros, ex-funcionário de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS. Gaspar defendeu que Medeiros fosse ouvido, alegando que ele havia sido ameaçado de morte e poderia contribuir com informações relevantes. O deputado Rogério Correia (PT-MG), que havia assinado o pedido, pediu a retirada do requerimento, o que provocou atrito entre o presidente da CPMI e o coordenador da bancada governista, deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

Na semana anterior, em 25 de setembro, aliados de Lula também bloquearam duas convocações: a do ex-assessor do senador Weverton Rocha (PDT-MA), Gustavo Gaspar, e a do empresário Silas Bezerra Alencar, ligado à Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura). Ambas foram rejeitadas por 19 votos a 11, sinalizando que a base já havia consolidado apoio entre os titulares do colegiado.

Estratégias e próximos passos

Segundo parlamentares governistas, o êxito em derrotar requerimentos considerados desfavoráveis reforçou a confiança no grupo, que pretende usar a vantagem numérica para limitar o alcance das investigações. Uma das críticas é de que a CPMI estaria se dispersando ao abrir frentes demais de apuração.

Enquanto trava iniciativas vistas como ameaças, a base também pressiona pela convocação de pessoas vinculadas ao governo de Jair Bolsonaro (PL), em uma tentativa de dividir o foco da investigação e reduzir o impacto político negativo sobre a atual gestão.

Cenário ainda incerto

Apesar da atual vantagem, os governistas reconhecem que os relatórios das quebras de sigilo, que começaram a ser entregues ao colegiado, podem alterar o rumo das investigações. O conteúdo é imprevisível e pode dar novo fôlego à oposição.

Assim, embora mais fortalecida, a base de Lula segue em alerta diante de uma CPMI que ainda tem potencial de provocar turbulências políticas para o governo.

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