Fraude no INSS: empresário tentou converter R$ 59 milhões em criptomoedas
Banco suspeitou da operação e bloqueou transação após alerta do Coaf sobre possível evasão de divisas
247 - Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou que o empresário Maurício Camisotti tentou transferir 40% de seus investimentos no BTG Pactual, o equivalente a R$ 59 milhões, para criptomoedas, em 8 de maio de 2025. As aplicações de Camisotti no banco estavam avaliadas em R$ 148 milhões.
De acordo com o g1, o banco impediu a movimentação ao considerar o pedido atípico. A instituição relatou que Camisotti nunca havia demonstrado interesse por esse tipo de ativo financeiro e, diante da suspeita, travou todas as operações da conta. O caso foi encaminhado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS.
Pedido de repasses e suspeita de offshore
Além da tentativa de transferência, Camisotti teria solicitado ao BTG que começasse a receber mensalmente valores enviados pelo advogado Nelson Willians, também investigado pela CPMI. Segundo o empresário, os depósitos seriam referentes à venda de um imóvel nos Estados Unidos. O banco pediu documentos que comprovassem a transação, mas eles nunca foram apresentados.
Dias depois, a situação se agravou. O BTG relatou que Camisotti telefonou a uma funcionária da instituição e pediu que ela apagasse mensagens trocadas sobre a exigência de comprovação da negociação. “Mauricio ligou à colaboradora, negou a entrega do documento e ainda solicitou que a mensagem fosse apagada”, informou o banco em documento encaminhado ao Coaf.
Tentativas frustradas e propostas alternativas
Mesmo após as negativas, o empresário insistiu em converter seus ativos em criptoativos. Chegou a solicitar uma reunião presencial, negada pela instituição, e posteriormente sugeriu a abertura de contas em nome de terceiros como alternativa. Novamente, o BTG recusou.
O Coaf classificou as movimentações como “burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou dos destinatários finais”, reforçando indícios de irregularidades financeiras e possível evasão de divisas.
Histórico de empréstimos negados
Essa não foi a primeira vez que o BTG Pactual barrou operações de Camisotti. Em agosto de 2024, ele tentou obter um empréstimo de R$ 16 milhões em nome do ex-deputado catarinense Antônio Luz Neto, com a justificativa de quitar um contrato de “adiantamento comissional” de corretagem de seguros. O banco negou a solicitação por considerar que havia indícios de lavagem de dinheiro.
O próprio BTG registrou: “A solicitação de crédito em nome de terceiros, por si só, pode configurar um indício de lavagem de dinheiro, especialmente se não houver justificativa clara para tal conduta”.
Meses depois, em novembro de 2024, Camisotti tentou novo empréstimo, dessa vez de R$ 4,6 milhões, em nome de Felipe Pacheco Borges, alegando a compra de três unidades de uma empresa dele. A discrepância entre os valores e a falta de clareza documental levaram o banco a recusar novamente a operação. “Por não conseguir estabelecer clareza suficiente entre a relação de Felipe Pacheco Borges e Maurício, bem como em razão do desconforto relacionado à documentação suporte apresentada, a instituição financeira optou novamente por não realizar a operação de crédito”, concluiu a instituição.