Rui Costa: “o Brasil quer negociar, mas nossa soberania não é moeda de troca”
Ministro da Casa Civil critica ameaça tarifária dos EUA e defende medidas de proteção a empresas e produtores nacionais
247 - Em declaração nesta terça-feira (29), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, reagiu à ameaça do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Costa classificou a medida como injustificável e alertou que a soberania nacional não será colocada em risco por pressões comerciais ou políticas. A fala do ministro ocorre em meio à escalada de tensão entre Brasília e Washington após o presidente Donald Trump condicionar a tarifa à suspensão do julgamento de Jair Bolsonaro no Brasil.
A origem da crise foi uma carta publicada em rede social pelo próprio Trump, na qual o ex-presidente norte-americano acusa o Brasil de “perseguir” Bolsonaro e ameaça retaliar economicamente o país caso o processo judicial contra o ex-mandatário siga adiante. As tarifas tem previsão de entrar em vigor na próxima sexta-feira (1º).
Rui Costa considerou a forma de comunicação “sem precedentes” e reafirmou que o Brasil não aceitará ingerência estrangeira em seus assuntos internos. “O Brasil quer negociar, mas nossa soberania não é moeda de troca”, declarou o ministro. Ele acrescentou: “Nunca, na história das relações diplomáticas, uma comunicação entre nações foi feita como agora: por meio de uma carta publicada em uma rede social, tratando de temas inegociáveis – incluindo uma intromissão indevida em julgamento conduzido pela Justiça brasileira.”
O ministro também destacou que os Estados Unidos mantêm, há mais de uma década, superávit comercial expressivo com o Brasil, o que desmonta qualquer argumento econômico para a taxação: “Não há justificativa econômica para o anúncio do presidente dos Estados Unidos sobre a imposição de tarifas ao Brasil, especialmente considerando que os EUA acumularam um superávit de 400 bilhões de dólares nos últimos 15 anos, na relação comercial com o nosso país”.
Segundo Rui Costa, o governo brasileiro já está adotando medidas para proteger empresas e produtores nacionais, além de estudar ações de reciprocidade. “Estamos tranquilos e tratando de diversas medidas voltadas à proteção das empresas e dos produtores brasileiros, ao fortalecimento e à diversificação das relações comerciais internacionais, ao adensamento da nossa cadeia produtiva industrial, além de medidas de reciprocidade, caso as tarifas sejam confirmadas.”
Ele ainda advertiu que uma guerra comercial traria prejuízos não apenas ao Brasil, mas também à economia americana. “Guerra comercial não é boa para ninguém. Gera prejuízo para todos – inclusive para os EUA. Eles consomem suco de laranja do Brasil. Se houver a taxação de 50%, os americanos vão pagar mais caro pelo produto. Eles compram carne, café. Vai ter repercussão na inflação americana também. Prejudica o povo americano e a economia brasileira.”
Apesar do impasse, o Brasil não fechou a porta para o diálogo. Rui Costa informou que uma missão de senadores brasileiros, incluindo Jaques Wagner (PT-BA), está em Washington tentando abrir canais de negociação. No entanto, segundo o ministro, “a sinalização por lá é de que o assunto está restrito à Casa Branca”.
Por fim, o ministro destacou que o governo já avalia redirecionar parte das exportações brasileiras a outros mercados, caso a tarifa seja implementada. “Boa parte dos produtos brasileiros tem potencial para ser realocada em outros mercados, a exemplo do aço e das frutas. Vamos trabalhar firme, com o grupo dedicado a esse tema, para que a gente possa redirecionar as exportações brasileiras e, se necessário, adotar as medidas de reciprocidade.”
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: