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Receita vê BK Bank como elo entre operações Spare e Carbono Oculto

Receita e MPSP apontam fintech como canal de inserção de dinheiro ilícito em investigações ligadas ao PCC

Agentes da Receita Federal durante ação conjunta da Operação Carbono Oculto, que investiga esquema de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis (Foto: Divulgação/Receita Federal )

247O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, afirmou nesta quinta-feira (25) que o BK Bank atua como elo entre a Operação Spare, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), Polícia Militar e Receita, e a investigação anterior conhecida como “Carbono Oculto”, que revelou conexões da Faria Lima com o PCC. A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômico.

Embora a fintech não tenha sido alvo dos 25 mandados de busca e apreensão cumpridos na data, o nome do BK Bank aparece na decisão judicial que autorizou a operação. Segundo o promotor de Justiça Silvio Loubeh, a instituição já havia sido alvo de diligência em semanas anteriores: “Acabou prejudicando a ideia de voltar lá. Vamos fazer por compartilhamento de provas”.

Esquema de movimentação bilionária

A Receita Federal identificou que pelo menos 267 postos de combustíveis ativos movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas declararam apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais — o equivalente a 0,1% do total, percentual muito abaixo da média do setor. Além dos postos, a operação mirou cinco empresas e 20 pessoas ligadas a jogos de azar, rede de motéis, lojas de franquias e empreendimentos imobiliários.

“O elo é exatamente a fintech. Naquela operação [Carbono Oculto], eram mais de 1.200 postos de gasolina. Desta vez, quase 100 estabelecimentos de rede grande de franquias no Brasil que também eram utilizadas nesse esquema”, disse Barreirinhas em coletiva na sede do MPSP.

O papel da fintech

Segundo a superintendente da Receita em São Paulo, Márcia Meng, diferentes negócios legalizados eram usados para dar aparência lícita a recursos ilícitos. “Os esquemas financeiros acontecem sistematicamente da mesma forma. As maquininhas que a fintech fornecia eram usadas em operações para a introdução de dinheiro em seus sistemas. Esses esquemas criminosos precisam de uma porta de entrada do dinheiro vivo em direção a essa conta-bolsão”, explicou.

Essa “conta-bolsão”, mantida no BK Bank, recebia valores de origem variada, misturando dinheiro lícito e ilícito, o que dificultava rastrear o fluxo financeiro.

Bens de luxo e ligação com o PCC

O promotor Silvio Loubeh afirmou que os recursos movimentados eram destinados inclusive a aquisições incompatíveis com a receita oficial das empresas: “Identificamos a compra de bens e até de helicópteros por parte da rede de motéis, que não eram compatíveis com sua receita declarada”.

Já o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio Oliveira Costa, destacou vínculos do grupo empresarial investigado com integrantes do PCC. “Além disso, já identificamos a participação de empresas controladas por esse grupo que recebiam volumes absurdos de depósitos em dinheiro espécie, muito provavelmente do crime organizado”, declarou.

O procurador-geral-adjunto do Estado de São Paulo, Caio César Guzzardi, acrescentou que já há pedidos de bloqueio de aproximadamente R$ 7,6 bilhões em bens de 55 réus, incluindo veículos, fundos de investimento, ações, contas correntes e outros ativos.

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