HOME > Sudeste

Motéis movimentaram R$ 450 milhões em quatro anos em esquema ligado ao PCC, aponta MP

Ministério Público de São Paulo apura rede de empresas usadas para lavagem de dinheiro da facção criminosa

Motéis movimentaram R$ 450 milhões em quatro anos em esquema ligado ao PCC, aponta MP (Foto: Reuters)

247 - A Operação Spare, realizada nesta quinta-feira (25) pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) em conjunto com a Receita Federal, revelou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro associado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O grupo criminoso teria utilizado postos de combustíveis, franquias, incorporadoras e até motéis para ocultar recursos obtidos de atividades ilícitas.

De acordo com o jornal O Globo, os investigadores apontam como principal alvo da ação Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho. Ele é acusado de liderar a estrutura criminosa que, entre 2020 e 2024, teria movimentado bilhões de reais em operações suspeitas, valendo-se de empresas abertas em nome de “laranjas” para dar aparência de legalidade aos negócios.

Estrutura milionária para lavar dinheiro

As apurações identificaram 21 CNPJs ligados a quase 100 estabelecimentos de uma mesma rede de franquias, que movimentaram cerca de R$ 1 bilhão no período investigado, mas declararam oficialmente pouco mais da metade desse montante.

O setor de motéis chamou atenção: mais de 60 unidades, registradas em nome de terceiros sem ligação real com os empreendimentos, movimentaram R$ 450 milhões em quatro anos. Apenas em lucros e dividendos, esses negócios distribuíram cerca de R$ 45 milhões.

No mercado imobiliário, uma incorporadora controlada pelo grupo comprou um imóvel de R$ 1,8 milhão em 2021 e outro de R$ 5 milhões em 2023. Já no ramo de combustíveis, o MP estima que Flavinho e familiares controlavam diretamente ou de forma indireta 400 postos. Pelo menos 267 continuam em funcionamento e, juntos, movimentaram R$ 4,5 bilhões no mesmo período.

Tributos irrisórios e suspeitas de fraude

Apesar da alta movimentação financeira, a Receita Federal constatou que esses postos recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais — o equivalente a 0,1% do total movimentado. O índice é considerado muito abaixo da média do setor e reforça a hipótese de fraude fiscal em larga escala.

As investigações tiveram início após a apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos em Santos, no litoral paulista. Um dos aparelhos estava vinculado à empresa Ponto Mingatto Ltda., enquanto outro, encontrado em endereço diferente, era registrado em nome do Auto Posto Carrara Ltda. A análise financeira mostrou que ambas realizavam movimentações idênticas, com repasses diretos para a fintech BK Bank.

Operações anteriores e fintech envolvida

A BK Bank, apontada como peça central para ocultar a origem e o destino do dinheiro, já havia sido alvo da Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto. Essa investigação buscou desmantelar um esquema bilionário de fraudes, sonegação e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, também com participação de integrantes do PCC.

Até o momento, a defesa de Flávio Silvério Siqueira não foi localizada. O Ministério Público segue aprofundando as investigações para rastrear o patrimônio oculto e identificar todos os envolvidos no esquema.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...