Presidente da Conafer é preso pela CPMI do INSS
Carlos Lopes foi acusado de mentir em depoimento e é investigado por descontos ilegais em aposentadorias
247 - O presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso na madrugada desta terça-feira (30) por determinação da CPI do INSS. A decisão, segundo o jornal O Globo, foi tomada pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), que preside a comissão.
A Conafer é alvo de investigações da Polícia Federal por suspeita de descontos ilegais em aposentadorias e pensões. Viana afirmou que Lopes teria mentido em seu depoimento e ocultado informações financeiras.
Acusações de mentiras e falsidade ideológica
“Ele mentiu deliberadamente à CPMI desde o início, escondeu informações, foi perguntado sobre depósitos bancários na própria conta, na conta de terceiros, foi colocado diante do organograma que mostrava que ele desviava dinheiro de familiares e tentou de todas as maneiras nos convencer de que era uma operação legal e correta, e não é”, disse Viana.
Convocado como testemunha, Lopes tinha obrigação legal de falar a verdade. Após ser detido, ficou custodiado em uma sala do Senado até pagar fiança, sendo liberado por volta das 4h da manhã.
Relator acusa Conafer de “meter a mão no bolso de aposentados”
O deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPI, questionou Lopes sobre um repasse de R$ 130 milhões a Cícero Marcelino, apontado como braço-direito do presidente da entidade. Lopes respondeu que Cícero era “um fornecedor de bens e serviços” da Conafer há mais de 15 anos.
“Eu não posso ser surpreendido porque nós estamos tratando sobre INSS, e 100% daqueles que foram entrevistados disseram que a Conafer estava mentindo na autorização. Setenta e um mil processos judiciais, no Brasil, estão dizendo que a Conafer meteu a mão no bolso sem autorização”, rebateu Lopes, de acordo com a reportagem.
Comparação com outro empresário preso
Em outro momento da audiência, o relator comparou Lopes ao empresário Maurício Camisotti, investigado e preso por envolvimento em fraudes semelhantes. “Hoje a gente descobriu outro Maurício Camisotti: se chama Carlos Roberto Ferreira Lopes. Pelas mãos da Conafer, passaram mais de R$ 800 milhões. Aqui nós descobrimos que R$ 140 milhões foram direcionados diretamente para o assessor dele, Cícero Marcelino. Se isso não for lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e formação de organização criminosa, é melhor fechar a CPMI”, disse Gaspar.
Investigações e faturamento em alta
De acordo com a CPI, o faturamento da Conafer saltou de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões no período em que se intensificaram os descontos considerados ilegais. Em junho de 2022, o INSS recebeu um ofício com dezenas de denúncias sobre deduções não autorizadas nos benefícios de aposentados e pensionistas. A entidade, que segue sob investigação da Polícia Federal, informou que está revisando seus cadastros de associados e colabora com as autoridades.