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Preocupação com desigualdade social cresce entre brasileiros, aponta pesquisa

Pesquisa da Ipsos revela que debate sobre ricos e pobres ganhou tração

Protesto pela taxação dos super-ricos na Avenida Paulista - 10 de julho de 2025 (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

247 - A percepção de que o Brasil caminha em direção errada aumentou em julho de 2025, acompanhada do avanço da preocupação com a desigualdade social e a inflação. A constatação está na edição mais recente da pesquisa global What Worries the World, realizada pelo instituto Ipsos. Segundo o levantamento, 66% dos brasileiros acreditam que o país está no rumo errado — um crescimento de três pontos percentuais em relação ao mês anterior, informa o jornal O Globo.

Para Marcos Calliari, CEO da Ipsos, o aumento da preocupação com os problemas sociais está relacionado ao acirramento da polarização entre classes. “Há uma estagnação ou retrocesso no Brasil que parece dialogar com a permanência do crime como principal preocupação nacional”, afirmou. A criminalidade foi citada por 41% dos entrevistados como a maior aflição. A seguir aparecem a corrupção (32%) e a desigualdade social (36%), esta última com alta de três pontos em um mês, superando a média global de 29%.

A pesquisa foi realizada entre os dias 20 de junho e 4 de julho, com 25.703 entrevistados em 30 países — cerca de mil no Brasil, com idades entre 16 e 74 anos. Embora o instituto destaque que o público brasileiro ouvido tende a ser mais conectado, urbano e com maior renda e escolaridade do que a média nacional, os resultados indicam tendência relevante de percepção pública sobre os rumos do país.

A inflação, apesar da estabilidade recente nos preços dos itens essenciais, também continua a causar apreensão. “Mesmo sem grandes oscilações nos preços de bens essenciais, a inflação ainda preocupa por corroer o poder de compra, especialmente nas periferias e entre as famílias de menor renda”, explicou Calliari.

Diante do cenário de insatisfação e queda de popularidade, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a intensificar o discurso em favor da taxação dos mais ricos, como forma de reconexão com sua base histórica. A estratégia, em curso desde o fim de junho, envolve destacar propostas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e o fim dos supersalários no serviço público.

O Planalto avalia que medidas que combatam os privilégios da elite e favoreçam os trabalhadores podem servir como bandeiras claras do terceiro mandato de Lula. Entre as medidas em análise estão também o combate ao regime de trabalho 6x1, muito criticado por movimentos sindicais. O governo pretende transformar essas pautas em símbolos de seu compromisso com a justiça social e com a correção de distorções históricas na estrutura de renda do país.

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