Planalto avalia reagir após Motta escolher Derrite para relatar PL antifacção
Governo estuda suspender emendas após Motta indicar Derrite para relatar PL que equipara facções ao terrorismo
247 - O Palácio do Planalto estuda medidas políticas e financeiras em resposta à decisão do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) de indicar Guilherme Derrite (PL) para relatar o projeto de lei que trata do combate às facções criminosas. Entre as alternativas avaliadas, segundo a coluna de Andréia Sadi, do g1, está o bloqueio temporário do pagamento de emendas parlamentares.
Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo licenciado do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi escolhido por Motta para relatar o texto que equipara o crime organizado ao terrorismo. O gesto do presidente da Câmara foi interpretado no Planalto como uma entrega de uma pauta estratégica à oposição, em um momento em que o governo busca consolidar sua influência no Congresso.
Tensão entre governo e centrão
A escolha de Derrite é vista por auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um movimento político de Motta para se aproximar de setores da direita. O parlamentar tenta ampliar sua base de apoio de olho na reeleição à presidência da Câmara em 2026, ao mesmo tempo em que busca preservar pontes com o governo para fortalecer a candidatura de seu pai, Nabor Wanderley, ao Senado pela Paraíba.
Derrite e o discurso da direita
Assim que reassumiu o mandato na Câmara, Derrite apresentou um substitutivo propondo o enquadramento de organizações criminosas como grupos terroristas. A proposta está alinhada ao discurso de governadores de direita, como Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, que defendem endurecimento das leis após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha contra o Comando Vermelho.
Estratégia política e reação do Planalto
Para interlocutores do Planalto, a movimentação ocorre após uma série de vitórias do governo no Congresso, como a aprovação da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda — uma das promessas de campanha de Lula. A avaliação interna é que Motta tenta reequilibrar forças, oferecendo uma pauta de apelo popular à oposição em um momento de desgaste da agenda da direita, que perdeu tração com o enfraquecimento das pautas golpistas.
Disputa pelo protagonismo na segurança
A segurança pública é uma das principais preocupações do eleitorado, segundo pesquisa da Quaest, e tornou-se um dos temas mais disputados entre o Planalto e os governadores de direita. Com a relatoria nas mãos de Derrite, o governo teme perder espaço para discursos que associam endurecimento penal à eficácia política, especialmente diante das ambições nacionais do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).


