HOME > Brasil

Planalto avalia reagir após Motta escolher Derrite para relatar PL antifacção

Governo estuda suspender emendas após Motta indicar Derrite para relatar PL que equipara facções ao terrorismo

Guilherme Derrite, enquanto secretário de Segurança de SP, durante sessão de audiência pública na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, na Câmara dos Deputados - Brasília-DF - 28/10/2025 (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

247 - O Palácio do Planalto estuda medidas políticas e financeiras em resposta à decisão do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) de indicar Guilherme Derrite (PL) para relatar o projeto de lei que trata do combate às facções criminosas. Entre as alternativas avaliadas, segundo a coluna de Andréia Sadi, do g1, está o bloqueio temporário do pagamento de emendas parlamentares. 

Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo licenciado do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi escolhido por Motta para relatar o texto que equipara o crime organizado ao terrorismo. O gesto do presidente da Câmara foi interpretado no Planalto como uma entrega de uma pauta estratégica à oposição, em um momento em que o governo busca consolidar sua influência no Congresso.

Tensão entre governo e centrão

A escolha de Derrite é vista por auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um movimento político de Motta para se aproximar de setores da direita. O parlamentar tenta ampliar sua base de apoio de olho na reeleição à presidência da Câmara em 2026, ao mesmo tempo em que busca preservar pontes com o governo para fortalecer a candidatura de seu pai, Nabor Wanderley, ao Senado pela Paraíba.

Derrite e o discurso da direita

Assim que reassumiu o mandato na Câmara, Derrite apresentou um substitutivo propondo o enquadramento de organizações criminosas como grupos terroristas. A proposta está alinhada ao discurso de governadores de direita, como Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, que defendem endurecimento das leis após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha contra o Comando Vermelho.

Estratégia política e reação do Planalto

Para interlocutores do Planalto, a movimentação ocorre após uma série de vitórias do governo no Congresso, como a aprovação da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda — uma das promessas de campanha de Lula. A avaliação interna é que Motta tenta reequilibrar forças, oferecendo uma pauta de apelo popular à oposição em um momento de desgaste da agenda da direita, que perdeu tração com o enfraquecimento das pautas golpistas.

Disputa pelo protagonismo na segurança

A segurança pública é uma das principais preocupações do eleitorado, segundo pesquisa da Quaest, e tornou-se um dos temas mais disputados entre o Planalto e os governadores de direita. Com a relatoria nas mãos de Derrite, o governo teme perder espaço para discursos que associam endurecimento penal à eficácia política, especialmente diante das ambições nacionais do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Artigos Relacionados