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PGR acusa “núcleo 4” de usar estrutura estatal contra urnas eletrônicas

Paulo Gonet apontou que militares e civis recorreram a recursos do Estado para alimentar desinformação sobre o sistema de votação

Paulo Gonet - 02/09/2025 (Foto: Antonio Augusto/STF)

247 - O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta terça-feira (14) que integrantes do chamado “núcleo 4” da trama golpista recorreram à “estrutura do Estado” para desacreditar o sistema eletrônico de votação. A fala ocorreu durante o julgamento na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa sete réus acusados de disseminar desinformação sobre as urnas. A denúncia foi relatada pela CNN Brasil.

Segundo Gonet, as provas reunidas pelo Ministério Público Federal (MPF) comprovam a atuação dos acusados em uma campanha organizada de ataque às instituições. “As campanhas promovidas pelos acusados, essenciais para o levante popular contra as instituições democráticas, encontram-se confirmadas pelas provas dos autos. Dá-se conta de que, por meio da ação dos réus, a organização criminosa capitalizou guerra e violência informacional crescente”, destacou o chefe da PGR.

Estrutura pública usada para espalhar desinformação

Nas alegações finais, o Ministério Público pediu a condenação de todos os réus. A defesa, por sua vez, negou as acusações e solicitou absolvição. Para Gonet, o grupo iniciou a ofensiva valendo-se de recursos do Estado para gerar desconfiança entre a população. “No começo, utilizaram-se da estrutura do Estado para gerar na população o sentimento de desconfiança contra as instituições. Para esse intento, as redes sociais foram abarrotadas com desinformações sobre autoridades públicas e sobre o sistema eleitoral”, afirmou.

O procurador-geral também frisou que esse uso indevido foi determinante para dar credibilidade técnica a informações manipuladas. “O uso indevido da estrutura do Estado foi essencial para a manipulação e distorção de informações com aparência técnica, combatendo o sistema eletrônico de votação e denegrindo autoridades em exercícios dos Poderes estabelecidos”, reforçou.

Quem são os acusados

O núcleo 4 é formado por sete réus: Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva), Ângelo Martins Denicoli (major da reserva), Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal), Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente), Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel), Marcelo Araújo Bormevet (policial federal) e Reginaldo Vieira de Abreu (coronel).

Eles respondem por crimes graves, entre eles: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado por violência e ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado.

Julgamento em andamento no STF

A Primeira Turma do STF, responsável pelo caso, é composta pelos ministros Flávio Dino (presidente), Alexandre de Moraes (relator), Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Luiz Fux. As sessões para análise do núcleo 4 foram programadas para os dias 14, 15, 21 e 22 de outubro.

Outros núcleos da mesma investigação também têm julgamento marcado. O núcleo 3 será analisado em novembro (11, 12, 18 e 19), enquanto o núcleo 2 será julgado em dezembro (9, 10, 16 e 17).

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