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      PCC na Faria Lima: padarias e conveniências eram usadas em esquema de lavagem de dinheiro

      Segundo o Ministério Público de São Paulo, estabelecimentos funcionavam como camadas de ocultação patrimonial ligadas ao crime organizado

      Viaturas policiais (Foto: Reprodução)
      Laís Gouveia avatar
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      247 - A investigação conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) revelou que padarias e lojas de conveniência faziam parte da estrutura de lavagem de dinheiro atribuída ao Primeiro Comando da Capital (PCC) em negócios da Faria Lima. A informação foi publicada pelo Metrópoles. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os estabelecimentos eram registrados em nome de laranjas e rapidamente transferidos para terceiros, criando sobreposições de CNPJs que dificultavam a identificação dos verdadeiros beneficiários.

      Um dos exemplos citados no inquérito é a repetição de padarias com nomes semelhantes, como as diversas unidades da marca Iracema na avenida Angélica, em São Paulo. O mesmo padrão se repete com empresas batizadas de Salamanca. A investigação aponta vínculos entre Tharek Majide Bannout, identificado como sócio de padarias e postos de combustíveis, e Maria Edenize Gomes, moradora de Santo Amaro das Brotas (SE), suspeita de ser laranja. Apesar de não ter vínculo formal de trabalho, ela tornou-se sócia de 70 empresas em menos de um ano, 33 delas ainda ativas.

      “As padarias sob sua titularidade [como ‘Salamanca’ e ‘Iracema’] possuem indícios de vínculos com aquelas titularizadas por Tharek Majide Bannout, que também foi identificado em quadros societários de padarias [Nova Salamanca e Nova Iracema], sugerindo um padrão de empresas com nomes similares para ocultação”, diz trecho da apuração.

      Além das padarias, a investigação destaca o papel das lojas de conveniência. Algumas eram registradas em nome de familiares próximos de líderes do grupo, como Amine Mourad, irmã de Mohamed Hussein Mourad, apontado como principal articulador do esquema. Amine seria titular de uma rede de conveniências com 168 filiais, posteriormente extintas e substituídas por negócios ligados ao Group Potenza Atacadista. Segundo os promotores, esse movimento buscava conectar o patrimônio oculto à rede controlada por Mohamed.

      Outro nome citado é o de Ricardo Romano, descrito pelo MPSP como figura-chave na engrenagem financeira do PCC. Ele teria constituído 18 novas lojas de conveniência chamadas Strawberry, muitas nos mesmos endereços de estabelecimentos da rede de Amine, que depois foram transferidos a um suposto testa de ferro.

      A operação Carbono Oculto, deflagrada pelo MPSP e pela Receita Federal, busca desmantelar a cadeia de fraudes no setor de combustíveis. Segundo o Fisco, entre 2020 e 2024, cerca de 1.200 postos movimentaram R$ 52 bilhões, mas recolheram apenas R$ 90 milhões em tributos, equivalente a 0,17% do total. Para lavar o dinheiro, o grupo teria usado 40 fundos de investimento, com patrimônio de R$ 30 bilhões, operados por gestores da Faria Lima.

      Entre os principais alvos da investigação estão as instituições financeiras BK e Banrow, as usinas Itajobi e Carolo, além de operadores considerados centrais no esquema, como Mohamed Hussein Mourad, conhecido como Primo ou João, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco. Ambos são apontados como ligados à distribuidora Aster e à formuladora Copape, empresas que teriam papel estratégico na movimentação de recursos ilícitos.

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