Polícia do Senado nega que Ciro Nogueira tenha recebido chefes do PCC em seu gabinete
Polícia do Senado não localiza registros de encontros, contrariando denúncia divulgada pelo site ICL Notícias
247 - A Secretaria de Polícia do Senado Federal informou nesta segunda-feira (1º) que não procedem as informações de que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) teria recebido, em seu gabinete, Mohamed Hussein Mourad e Roberto Augusto Leme da Silva. Mourad e da Silva são apontados como líderes do esquema da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), ligado à gestão de fundos de investimento na Avenida Faria Lima, em São Paulo, e a fraudes bilionárias no setor de combustíveis.
De acordo com o documento oficial, não houve sequer uma visita dos dois ao gabinete durante todo o ano de 2024. "Em atenção ao solicitado, informamos que não foram encontrados registros de acesso vinculados aos referidos nomes com esse destino no ano de 2024", diz o documento, que responde a um ofício do parlamentar após a publicação de uma reportagem pelo site ICL Notícias.
O relato divulgado pelo ICL Notícias no domingo (31) afirma que Mourad e da Silva teriam entregue, em agosto de 2024, uma sacola de dinheiro ao senador em seu próprio gabinete no Senado. A informação é baseada em uma testemunha anônima. O senador negou veementemente as acusações e enviou um ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, solicitando investigações urgentes da Polícia Federal para apurar as denúncias anônimas que o ligariam ao PCC.
Abaixo, a íntegra do documento da Polícia do Senado e do ofício encaminhado ao ministro Lewandowski:
OFÍCIO Nº 013/2025/GSCNOG Brasília, 31 de agosto de 2025
A Sua Excelência o Senhor Ricardo Lewandowski Ministro da Justiça e Segurança Pública
Assunto: Solicito Urgentes Investigações
Senhor Ministro,
Em anexo, correspondência do site ICL, reconhecidamente um site de pistolagem da esquerda contra seus adversários, uma espécie de milícia digital, com gravíssimas e desleais calúnias imputadas contra mim por um suposto depoente que teria dito à Polícia Federal — sob vosso comando — que eu teria:
- Recebido dinheiro em espécie de uma figura apontada como líder do PCC;
- Que ele e alguns de seus representantes teriam se reunido comigo em meu gabinete;
- Que eu teria atuado em favor junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP), para beneficiar essa organização criminosa;
- Que minhas posições sobre o projeto que tramita no Senado Federal, sobre o Devedor Contumaz, poderiam ter qualquer ligação com essa sórdida trama.
Ao informar Vossa Excelência que essas pessoas jamais estiveram em meu gabinete, que por jamais ter tido proximidade de qualquer espécie, e portanto nunca poderia ter advogado em benefício delas e a inaceitável hipótese de que poderiam ter me favorecido financeiramente, de qualquer forma, é absolutamente mentirosa, peço a Vossa Excelência que determine, com a máxima urgência, à Polícia Federal, que solicite os registros de entrada em meu gabinete no ano citado ou em qualquer ano, e que requeira as imagens e os registros de entrada na sede ou nos escritórios dessas pessoas.
Coloco, por meio deste, TODOS os meus sigilos à disposição (a começar pelos de meu gabinete, de meu telefone e todos os demais) para comprovar que em tempo algum mantive qualquer ligação com qualquer facção criminosa.
Entendo que a liberdade de imprensa é um valor fundamental da democracia e todos que me conhecem sabem bem que o combate ao crime em geral e ao crime organizado, em particular, sempre foi e será uma das bandeiras de minha atividade enquanto parlamentar.
Solicito urgência e quero crer que o importante combate e repressão às organizações criminosas não serão usados como instrumento de perseguição política, por meio da proliferação de informações falsas e absolutamente mentirosas e que jamais aconteceram ou aconteceriam.
Vossa Excelência, como ex-magistrado, tenho certeza, saberá conter os impulsos primitivos da extrema esquerda que possam querer fazer de algo fundamental — o desmantelamento do crime organizado no Brasil — um instrumento de ataque e tentativa de obter ganhos políticos abomináveis por meio da sordidez do uso de fragmentos, com o único propósito de intimidar ou macular os que se colocam em oposição a esse governo, como é o meu caso, algo absolutamente legítimo na democracia. Não irão de modo algum me atingir com esse tipo de torpeza. Tenho minha consciência tranquila e a verdade ao meu lado. Quero mais, e não menos, investigação.
Atenciosamente,
CIRO NOGUEIRA Senador da República (PP-PI)