Pastores bolsonaristas elogiam Messias, favorito de Lula ao STF
Líderes evangélicos veem a indicação de Jorge Messias ao STF como uma tentativa de aproximação de Lula com o eleitorado religioso
247 - A possível nomeação de Jorge Messias, atual ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), ao Supremo Tribunal Federal (STF), tem gerado repercussões dentro do segmento evangélico. Pastores próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram ouvidos pela CNN Brasil e, embora discordem em alguns pontos ideológicos, não manifestam objeções pessoais à escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Messias, membro da Igreja Batista e figura de confiança do presidente, é considerado o favorito para ocupar a vaga deixada pela aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso. Caso confirmada sua nomeação, ele seria o segundo evangélico na Corte, depois de André Mendonça, nomeado por Bolsonaro em 2021.
o pastor Silas Malafaia, líder da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, destacou que sua divergência com Jorge Messias é ideológica, e não pessoal. “Minhas divergências com Jorge Messias são no campo ideológico. Eu não tenho nada pessoal contra ele, não vi até aqui nada moral contra a vida dele. A minha questão é ideológica só. Eu aprendi uma coisa: eu posso discordar, eu posso até criticar, mas é uma indicação de competência do presidente da República”, afirmou Malafaia, esclarecendo que sua posição não é contra a escolha por ser evangélico, mas sim pela visão política de Messias.
Malafaia também comentou sobre a estratégia de Lula em tentar estreitar laços com o público evangélico, um segmento que, segundo ele, está distante do atual governo. "Talvez Lula, que está tão longe dos evangélicos, agora queira também fazer uma média com alguém que é aliado dele. A minha questão é ideológica, não pessoal. Não há nada que desabone até aqui", disse o pastor. Ele completou, ainda, lembrando que não se opôs à nomeação do ministro Cristiano Zanin, apesar de Zanin ter sido advogado de Lula. “A minha crítica foi veemente ao Flávio Dino, que é um militante ideológico. Para mim, é perigoso se for da esquerda, da direita, de onde for.”
Por outro lado, o pastor Robson Rodovalho, líder da Igreja Sara Nossa Terra e aliado próximo da família Bolsonaro, demonstrou uma visão mais favorável à indicação de Messias. Para Rodovalho, o fato de Messias ser um membro do PT não representa um problema. “Messias é um homem de caráter e honra”, afirmou o pastor, destacando também a importância de uma maior representatividade evangélica no STF. "Os evangélicos são em média 30% da população. Nessa proporção deveríamos ter quatro ministros do STF, e não apenas um", defendeu, considerando positiva a possibilidade de o Supremo contar com outro representante da fé evangélica.
Além das declarações de líderes religiosos, a própria estratégia de Lula de se aproximar do eleitorado evangélico por meio da indicação de Messias tem sido analisada como uma tentativa de fortalecer sua imagem junto a um grupo que, historicamente, tem sido mais identificado com o ex-presidente Bolsonaro e a direita. Messias, por sua vez, tem se esforçado para manter sua imagem como alguém que separa religião e política. Ao participar da Marcha para Jesus em junho deste ano, o ministro fez questão de deixar claro que o evento não tinha conotação política, apesar de ter entregue uma carta do presidente Lula aos organizadores.


