Mauro Cid “mente descaradamente”, diz defesa de Braga Netto
Advogado de ex-ministro da Defesa, Braga Netto, questiona credibilidade de delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
247 - A defesa do general Walter Souza Braga Netto, conduzida pelo advogado José Luis Oliveira Lima, fez duras críticas ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em declarações feitas nesta quarta-feira, 3 de setembro, Lima acusou Cid de mentir “descaradamente” durante as investigações que envolvem o plano de golpe e a tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Braga Netto, que se encontra preso desde dezembro do ano passado em razão das investigações sobre suspeitas de obstrução de justiça, é um dos principais réus do caso. O depoimento de Mauro Cid, prestado em fevereiro de 2024, revelou que o ex-ajudante de ordens foi procurado por outros intermediários, incluindo Braga Netto, em busca de informações sobre a colaboração premiada que estava sendo discutida na época. O advogado de Braga Netto, indignado com o conteúdo das declarações de Cid, afirmou: “Vai dar credibilidade a este réu delator? Que mente descaradamente o tempo inteiro? Que mente nesta Corte, que mente perante o interrogatório? Não é possível. Não é possível, ministro Flávio Dino. Evidentemente que essa defesa tem que se indignar com isso, meu cliente está preso, meu cliente está preso com base na delação dele. Foi esse fato que trouxe a prisão do meu cliente”, ressaltou Lima.
Em um tom ainda mais crítico, o advogado disse que Mauro Cid se comporta de maneira irresponsável e afirmou que, mesmo estando no Supremo Tribunal Federal (STF), precisou ser “educado” ao se referir ao tenente-coronel. “Um irresponsável esse tenente-coronel Mauro Cid e um irresponsável para ser educado com a palavra porque eu estou no STF e tenho que ter a liturgia”, concluiu Lima.
O caso envolvendo Braga Netto é parte de um processo mais amplo que investiga uma rede de indivíduos acusados de envolvimento no plano de golpe, que teria como objetivo derrubar o governo e instaurar uma nova ordem no Brasil. Além de Braga Netto e Cid, outros sete réus fazem parte do núcleo central do esquema. Entre eles estão figuras de destaque como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ministro do GSI Augusto Heleno e o ex-presidente da Abin Alexandre Ramagem.
Os réus respondem a uma série de acusações graves, incluindo crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano qualificado pela violência. O único que foi desobrigado de responder por parte das acusações foi Alexandre Ramagem, que teve o pedido de suspensão da ação penal aprovado pela Câmara dos Deputados no início de maio deste ano.
Com o julgamento do caso agendado, o ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, designou cinco datas para as sessões de julgamento do núcleo central do plano de golpe. Os próximos dias de audiência estão marcados para os dias 9 e 10 de setembro, com sessões extraordinárias programadas para o dia 12 do mesmo mês.