Maioria dos brasileiros aprova tornozeleira e restrições a Bolsonaro, aponta Datafolha
Segundo a pesquisa, 55% concordam com as medidas impostas pelo STF ao ex-mandatário, incluindo toque de recolher e proibição de redes sociais
247 - De acordo com levantamento divulgado nesta sexta-feira (1º) pelo instituto Datafolha, a maioria da população brasileira apoia as medidas cautelares aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a Jair Bolsonaro (PL). Segundo a Folha de S. Paulo, a pesquisa aponta que 55% dos entrevistados consideram corretas as restrições impostas a Bolsonaro, mesmo percentual dos que afirmam acreditar que o ex-mandatário pretendia deixar o país antes de ser julgado pela Justiça brasileira. O apoio é mais forte entre pessoas com menor escolaridade (59%) e entre aquelas com renda de até dois salários mínimos (57%). Entre quem cursou o ensino superior, o índice cai para 51%.
O apoio às medidas varia conforme perfil social, econômico e religioso dos entrevistados. No Nordeste, bastião eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 63% apoiam as sanções impostas ao ex-presidente. Já entre os evangélicos, grupo tradicionalmente ligado a Bolsonaro, 56% se dizem contrários às decisões do STF, e apenas 40% demonstram apoio.
A divisão também se reflete entre homens e mulheres: 44% dos homens desaprovam as medidas, enquanto entre as mulheres a rejeição é de 38%. Ainda segundo o levantamento, 44% dos que aprovam as medidas o fazem de forma convicta, enquanto 32% dos que desaprovam também expressam forte oposição. Não opinaram 3% dos entrevistados e 1% declarou indiferença.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas com mais de 16 anos, em 130 cidades do país, entre os dias 29 e 30 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
As medidas foram decretadas há cerca de duas semanas, em meio à intensificação das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. O ex-mandatário se tornou réu nesse processo, que deve ir a julgamento em setembro.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes se deu após a escalada de uma crise diplomática com os Estados Unidos. O presidente norte-americano Donald Trump — em seu segundo mandato — havia elevado tarifas de importação de produtos brasileiros a 50%, alegando que o Brasil promovia uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro. O STF viu risco de fuga, especialmente diante da atuação de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, em articulações com setores trumpistas nos EUA.
Em 2024, Bolsonaro chegou a passar dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília — o que foi interpretado por investigadores como um ensaio de asilo diplomático, realizado após ter seu passaporte apreendido pela Polícia Federal. Na ocasião, também foram encontrados dólares em espécie na casa do ex-presidente.
Mesmo após a imposição das restrições, Bolsonaro voltou a tensionar sua situação jurídica ao conceder entrevista em que usava a tornozeleira eletrônica de maneira ostensiva. O gesto foi interpretado como descumprimento da proibição de se manifestar, ainda que de forma indireta, nas redes sociais. O ministro Alexandre de Moraes chegou a cogitar nova ordem de prisão em resposta à provocação.
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