Lula defende união do Brasil com Sudeste Asiático, de "Leste a Oeste"
Em Kuala Lumpur, Lula reforça cooperação Brasil-ASEAN e defende soberania e sustentabilidade
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (27), em Kuala Lumpur, capital da Malásia, que a aproximação entre o Brasil e as nações do Sudeste Asiático é estratégica para a construção de um mundo mais equilibrado e pacífico. Durante a Cúpula da Ásia do Leste, Lula destacou a importância da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e defendeu o fortalecimento das relações com o Brasil, alinhadas a princípios de inclusão, sustentabilidade e soberania.
Parceria estratégica entre Brasil e ASEAN
Em seu discurso, Lula celebrou a entrada de Timor-Leste no bloco e chamou o país de “irmão do Brasil”. “Somos países biodiversos, com culturas plurais, histórias entrelaçadas e desafios comuns. Partilhamos a convicção de que um mundo multipolar é mais propício à paz do que um planeta dividido por rivalidades estratégicas”, afirmou o presidente.
Lula ressaltou que “a aproximação entre o Sudeste Asiático e o Brasil, de Leste a Oeste, é crucial para a defesa do multilateralismo”, e defendeu a ampliação dos laços econômicos entre a ASEAN e o Mercosul. Para ele, “diversificar relações é sinônimo de autonomia”.
Soberania, equilíbrio e governança global
O presidente brasileiro enfatizou que a soberania dos países deve ser preservada. “Os mares que nos circundam não podem se tornar palco de violações do direito internacional. Os minerais estratégicos que possuímos não devem enriquecer outras nações às custas do nosso desenvolvimento”, alertou.
Lula também destacou a sinergia entre as presidências da Malásia na ASEAN e do Brasil no G20 e no BRICS, ressaltando que o bloco “não nasceu para afrontar ninguém”, mas para promover uma governança mais representativa e justa.
Compromisso com o clima e transição energética
Lula também reafirmou que a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro, será “a COP da verdade”. Segundo ele, o encontro deve cobrar responsabilidade climática dos líderes mundiais.
“Cada grau adicional na temperatura média global representará perdas significativas no PIB mundial. Não se trata de um simples número. Trata-se de milhões de pessoas que serão empurradas para a fome e a pobreza”, afirmou.
O presidente também apresentou duas iniciativas brasileiras: a Declaração para Quadruplicar o uso de Combustíveis Sustentáveis até 2035, e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), voltado a países da Bacia do Bornéu-Mekong, do Congo e da Amazônia.
Avanços diplomáticos e cooperação bilateral
A visita de Lula à Malásia marcou a primeira visita oficial de um presidente brasileiro ao país em 30 anos. O encontro com o primeiro-ministro Anwar Ibrahim resultou em sete acordos nas áreas de tecnologia, inovação, semicondutores e agropecuária, além da abertura de novos mercados para produtos brasileiros.
Na ocasião, o presidente recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia e Desenvolvimento Internacional e Sul Global, concedido pela Universidade Nacional da Malásia (UKM). Lula dedicou a honraria “ao povo brasileiro”.
Diálogo com os Estados Unidos e a Ásia
Durante a cúpula, Lula também se reuniu com o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar das tarifas sobre exportações brasileiras. O encontro foi descrito como “franco e construtivo”, com ambos se comprometendo a ampliar o diálogo econômico.
A missão de Lula pelo leste asiático incluiu ainda reuniões com os primeiros-ministros Lawrence Wong, de Singapura, e Pham Minh Chinh, do Vietnã. O presidente reforçou que o Brasil é um parceiro confiável e comprometido com “a construção de um mundo mais inclusivo e sustentável”.


