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Leilão da Amazônia reduz custo de energia em até 46%

Investimento de R$ 310 milhões vai ampliar oferta híbrida de energia no Amazonas e Pará

Leilão da Amazônia reduz custo de energia em até 46% (Foto: Agência Brasil)

247 - O primeiro leilão de 2025 para suprimento de energia em localidades isoladas da Amazônia contratou nesta sexta-feira (26) soluções com deságio de até 46,8% sobre o preço-teto estipulado. A disputa virtual foi organizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e garantiu abastecimento para seis municípios do Amazonas e do Pará.

De acordo com informações do jornal Valor Econômico, o certame leiloou dois lotes, após a retirada do lote 2 a pedido do Ministério de Minas e Energia. A potência total requisitada era de 18,7 megawatts (MW), mas o resultado superou as expectativas, alcançando mais de 50 MW contratados e prevendo aportes de R$ 310 milhões em novos investimentos.

Detalhes dos lotes contratados

O Lote 1, destinado a cinco municípios do Amazonas, foi vencido pela Energias do Acre SPE LTDA. A companhia ofereceu R$ 2.729,70 por megawatt-hora (MWh), com deságio de 22% frente ao teto de R$ 3,5 mil. A solução híbrida prevê cinco unidades geradoras, combinando térmicas a óleo diesel e energia solar, totalizando 20,1 MW. O investimento será de R$ 72,8 milhões, com receita fixa anual de R$ 17,4 milhões. A energia será adquirida pela Amazonas Energia, distribuidora local.

Já o Lote 3, voltado a um município do Pará, ficou com o consórcio IFX-You.On - Sisol, que ofertou R$ 1.593,16 por MWh – queda de 46,8% em relação ao teto de R$ 3 mil. A proposta prevê uma unidade híbrida com diesel e solar, somando 30,1 MW, e investimentos de R$ 240 milhões. A receita fixa anual será de R$ 48,2 milhões, com fornecimento destinado à Equatorial Energia, distribuidora da região.

O início do suprimento está previsto para 2027, com contratos de 15 anos de duração.

Inovação com fontes renováveis

O leilão marcou também um avanço regulatório, ao ser o primeiro a exigir participação mínima de 22% de fontes renováveis ou gás natural. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os projetos vencedores apresentaram soluções híbridas com uso de baterias, ampliando a participação das renováveis: 23% no Lote 1 e 80% no Lote 3.

A EPE destacou que o sistema do consórcio vencedor no Pará possui elevada capacidade de armazenamento, o que garante maior estabilidade no uso de energia limpa.

Para Roberto Brandão, diretor técnico científico do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ (Gesel), a iniciativa representa um passo importante para reduzir a dependência do diesel na região amazônica. “Estamos queimando combustíveis fósseis muito caros, com uma logística de transporte fluvial muito complicada em uma região sensível como a Amazônia”, afirmou.

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