Produtos da sociobiodiversidade fortalecem economia, cultura e modos de vida no Brasil
No programa “Brasil Sustentável” desta semana, conversamos com o engenheiro florestal Marcelo Mendes do Amaral sobre a importância da sociobiodiversidade
Beatriz Bevilaqua, 247 - No programa “Brasil Sustentável” desta semana, o engenheiro florestal Marcelo Mendes do Amaral fala sobre a importância da sociobiodiversidade no Brasil. Ele destaca produtos como a castanha-do-pará, o açaí, o babaçu, o pinhão e a jussara, que possuem grande relevância econômica e cultural, além de contribuírem para a preservação dos biomas e para a manutenção dos modos de vida tradicionais.
Marcelo, que cresceu em uma família de agricultores, explicou como a sustentabilidade já fazia parte de sua vivência desde a infância. “Meu pai cultivava frutas e meu avô produzia galinhas e porcos. Isso já era sustentabilidade prática, garantindo alimentação e economia para a família”, contou.
O engenheiro detalhou a diferença entre produtos da biodiversidade e da sociobiodiversidade: enquanto a biodiversidade envolve os recursos naturais, a sociobiodiversidade agrega a dimensão social e cultural, conectando os produtos às tradições e modos de vida das comunidades que deles dependem. O pinhão, por exemplo, é um alimento típico de Minas Gerais, presente em festas e tradições locais, e o açaí é uma base da alimentação na Amazônia.
Marcelo compartilhou experiências de sua trajetória profissional, incluindo o trabalho com cooperativas e comunidades amazônicas, destacando a importância desses produtos para a economia local e a segurança alimentar. “O açaí é uma fonte de renda para mais de 300 mil extrativistas e alimenta milhares de pessoas diariamente”, explicou. Ele também ressaltou os desafios logísticos e financeiros enfrentados por essas cooperativas e como o apoio institucional é essencial para viabilizar a produção e o escoamento desses produtos.
O engenheiro discutiu ainda como a sociobiodiversidade tem sido incorporada em políticas públicas, como a merenda escolar, usando o exemplo da jussara. “O fruto da jussara passou a ser incluído nas escolas, fortalecendo a alimentação saudável, a cultura local e a conexão das crianças com a natureza”, afirmou.
Marcelo Mendes observou que a resistência urbana em se engajar com temas de sustentabilidade decorre do desconhecimento e da perda de contato com tradições rurais. Produtos industrializados substituíram muitos alimentos tradicionais, que possuem maior valor nutricional e cultural. “É preciso resgatar o conhecimento sobre os alimentos tradicionais e reconhecer o papel da sociobiodiversidade na vida das comunidades”, concluiu.
O episódio reforça que os produtos da sociobiodiversidade brasileira são um elo vital entre cultura, economia e preservação ambiental, e sua valorização depende da articulação entre políticas públicas, iniciativa comunitária e conscientização da sociedade. Assista na íntegra aqui: